A segunda edição da série de oficinas da Organização Internacional para as Migrações (OIM) para apoiar o setor privado na inclusão de migrantes no mercado de trabalho aconteceu nesta terça-feira (29), em Boa Vista (RR).
O evento contou com a parceria da Federação das Indústrias do Estado de Roraima (FIER). Com o projeto, a OIM promove conexões entre atores públicos, privados e migrantes para fazer com que a migração ocorra de maneira segura, ordenada e digna.
O objetivo é promover o desenvolvimento econômico, em benefício tanto dos migrantes quanto das comunidades de acolhida.
De acordo com a coordenadora técnica da FIER, Karen Telles, o projeto tem a intenção de orientar e informar as pessoas sobre o processo de contratação e integração de migrantes no ambiente de trabalho. “A participação é muito importante para sensibilizar e aproximar estes atores-chave para a inclusão do migrante”, declarou.
Uma das principais entidades parceiras da OIM no Brasil, a Defensoria Pública da União esteve presente na oficina para orientar empresários e executivos sobre as formas de documentação e regularização de migrantes e sobre os serviços jurídicos disponíveis para brasileiros e migrantes vulneráveis.
Segundo o defensor Murilo Martins, “a DPU tem atuado fortemente em favor dos migrantes, atendendo as pessoas em situação de vulnerabilidade, na orientação jurídica, documentação e capacitação”.
“Graças ao Posto de Triagem, o processo de regularização está mais fácil, contudo, ainda é necessário o apoio em relação aos direitos e demais orientações que são oferecidas com as parcerias criadas com as agências da ONU e demais apoiadores”, disse Martins.
Para facilitar a adoção pelas empresas de políticas de acesso ao mercado de trabalho para os migrantes internacionais em situação de vulnerabilidade, a OIM realizou, em 2018, em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global da ONU, um mapeamento dos principais obstáculos que os atores corporativos encontram ao recrutar e contratar esses migrantes.
A partir da demanda mapeada na pesquisa, foram criados três módulos de capacitação: sensibilização de diretores e executivos; um módulo para os departamentos de recursos humanos; e outro para os gestores de projetos de responsabilidade social.
A primeira capacitação foi realizada em dezembro do ano passado, em São Paulo, e reuniu 15 participantes do setor privado e de organizações relacionadas. Naquela edição, 28 pessoas estiveram presentes representando empresas e instituições parceiras. As demais oficinas estão previstas para os meses de fevereiro e março de 2019, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Para o coordenador de projeto da OIM, Marcelo Torelly, essa iniciativa aproxima a OIM dos atores corporativos, facilitando o desenvolvimento de ações para a melhor integração dos migrantes no mercado nacional, em benefício deles e das comunidades de acolhida.
A coordenadora de emergência da OIM em Roraima, Michelle Barron, também destacou que “o estado e os municípios de Roraima têm realizado uma excelente acolhida para o grande número de venezuelanos que chegam à região, e a oficina permite divulgar as boas práticas do empresariado local para a canalização da migração para o desenvolvimento local”.
“Estamos juntos nesse processo, já tivemos uma série de atividades, como capacitações, e já temos construído essa dinâmica de parceria para contribuir com o nosso crescimento e para possibilitar novas oportunidades para todos”, disse a secretária adjunta da Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social de Roraima, Geisla Gonçalves.
Os empresários que participaram da oficina apontaram oportunidades e dificuldades vivenciadas nos processos de contratação. Casos de sucesso também foram relatados, como a experiência da empresária Isadora Braga, que destacou o crescimento da demanda de migrantes por vagas.
A técnica em segurança do trabalho Bruna Cordeiro disse ter acompanhado o ingresso de uma série de migrantes de Haiti, Guiana e Venezuela em sua empresa, e que eles há anos contribuem em diversos setores. Ela ressaltou a importância de informar e orientar as empresas sobre as necessidades e especificidades da contratação de migrantes.
Os participantes também mencionaram dificuldades como o fato de alguns migrantes não terem toda a documentação necessária para uma contratação segura, assim como a rotatividade de funcionários e a adaptação dos migrantes ao sistema de trabalho brasileiro.
A série de oficinas faz parte do projeto “Aprimorando a Assistência Jurídica dos Migrantes no Brasil e Promovendo seu Acesso ao Mercado de Trabalho”, financiado pelo Fundo de Desenvolvimento da OIM (IDF, na sigla em inglês), e executada pela consultoria Integra Diversidade.