Já faz algum tempo que o papel da maternidade na vida da mulher moderna mudou completamente. E o que já era natural para esse momento tão delicado da vida mulher, como ter insegurança, medo e ansiedade, ficou ainda mais intensificado. Foi pensando nesse novo contexto, que profissionais da área da saúde resolveram se unir para criar o projeto Estação Materna, que promove rodas de conversa sobre temas relacionados a maternidade e consultorias sobre amamentação e demais processos do período pós-parto.
Segundo a obstetriz, Luma Godoy, a ideia da Estação é acompanhar e ser um referencial para as mulheres que tentam engravidar, aquelas que já estão grávidas e quem está enfrentando as mudanças em sua rotina com a chegada de um bebê em casa.
“É um projeto para acolher essas mulheres numa fase tão delicada que estão, que é esse período de tentar engravidar, quando tá grávida, que enfrenta mudança hormonal, as inseguranças de se tornar mãe e etc. A gente quer dar esse suporte em todas essas fases”, completa.
A iniciativa contou com a parceria da nutricionista Letícia Bueno. As duas lembram que ao lançar o Estação Materna em Boa Vista nas redes sociais receberam inúmeras respostas de profissionais das diversas áreas da saúde se disponibilizando a participar do projeto.
“Todos têm o mesmo sentimento e preocupação com o cuidado com as mulheres porque muitas vezes a sociedade romantiza demais essa questão, mas na prática existem muitos questionamentos em cima dessa mulher, do tipo não amamentar, questão estética e etc. Portanto, nós pretendemos ser facilitadoras dessa troca de experiências com outras mulheres que estão passando pelo mesmo processo. O nosso objetivo é dar nossa parte teórica, sim, mas principalmente ouvir essa vivência, essa troca de experiência”, explicou Luma.
Ela ressalta que a maior insegurança que a mulher moderna sente é quando se conscientiza que a sua vida vai mudar completamente, “mas ainda é tolhida de expor essas preocupações”. “Somos mulheres querendo cuidar de mulheres, com a base do nosso projeto que é amor e respeito. Elas vão para questionar, desabafar, trocar experiências. Um exemplo: às vezes uma grávida está se sentindo sozinha porque não queria aquele bebê e encontra no grupo pessoas que estejam passando pelo mesmo problema. Nesse momento, ela deixa de se sentir sozinha e vê que tem um apoio”, reforça.
Para desenvolver o projeto, uma das ações do Estação Materna são rodas de conversas sobre temas que interessam as mulheres grávidas. Dois encontros já aconteceram e neles foram discutidos todo o período da preconcepção, tudo que acontece durante a gravidez e os vários tipos de partos.
PUERPÉRIO
Nesta quarta-feira (25), o grupo volta a se reunir para falar sobre o puerpério, que é o período do pós-parto, enfatizando os aspectos psicológicos. Para abordar o assunto, o grupo recebeu mais uma parceira: a psicóloga clínica e perinatal, Danielle Bergmann. A roda de conversa será às 19h, no Instituto Estimulação, no bairro São Francisco.
Ela adiantou que a conversa vai abordar desde o período que é considerado pela Psicologia como sendo o pós-parto, que são dois anos, bem como tratar desse “estranhamento que causa na vida da mulher após a chegada de um bebê”. “Muda a rotina, as relações com o marido, com a sua família e a mudança de papel social. Todo mundo espera que as mulheres já saibam ser mãe. E não é isso. Ser mãe é algo que se aprende. E é um aprendizado muito difícil”, explica Danielle.
Segundo a especialista, o período pós-parto é considerado um momento potencial de crise, exatamente por conta de todas essas mudanças. Por essa razão, as chances de uma mulher desenvolver uma depressão pós-parto, por exemplo, são maiores. “Este é o mais comum, mas tem outros transtornos que podem acontecer nesse período devido a toda essa mudança. Vamos, portanto, abordar essas questões e falar desses transtornos, sobre o que é mais comum de acontecer no puerpério e de como podem se preparar – ainda gestante – para vivenciar e facilitar tudo isso”, revela.
Danielle observa ainda que na roda de conversa vai abordar o momento que pode ser considerado mais crítico em que a mulher precisa procurar um profissional para uma terapia. De acordo com ela, isso precisará acontecer quando começarem a surgir os sintomas característicos de um adoecimento mental, quando já está mais grave.
“Então, ao identificar esses sintomas precisa, sim, procurar uma terapia. Isso pode ser quando a mulher não estiver conseguindo lidar com aquela situação sozinha, não tiver conseguindo sentir prazer nos cuidados com o filho, prazer de cuidar de si mesmo, e não estiver conseguindo encontrar apoio, é o momento que tem que procurar a terapia”, finaliza.