Começa nessa quarta-feira (8) um projeto-piloto que tem como principal finalidade resgatar o prazer da leitura. Inicialmente é voltado para os alunos do curso de Letras da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Mas a ideia é fazer uma avaliação de como as atividades vão se desenvolver e como o público vai reagir e dessa forma iniciar a criação de um clube de leituras na instituição.
De acordo com a idealizadora do projeto, a professora Tatiana da Silva Capaverde, o piloto será realizado nas quartas de maio, a partir das 15h40, na sala 153, do Bloco I da UFRR. Ela explica que as leituras escolhidas para o momento serão de livros infantis. Mas que o projeto não é direcionado a crianças e nem mesmo para ensinar técnicas de leitura.
“Penso que está faltando um pouco de leitura. A leitura simplesmente pelo prazer de ler. A ideia, portanto, é que os adultos interajam com aquela leitura, percebam aquela semiótica, aquele processo, aquela composição no sentido de leitor e aí comente como leitor. Queremos que a pessoa vá lá para curtir o momento”, ressaltou.
Para Tatiana, a iniciativa também é importante para o processo de aprendizado dos estudantes de Letras, que no seu entendimento, antes de ser um professor na formação de língua, precisa ser primeiro um bom leitor. “E o que acontece é que o aluno sem ser leitor, como será um multiplicador no futuro? Entendemos que, além da parte teórica, tem que ter o prazer com a leitura. Então, eu quero que eles se sensibilizem com relação a literatura”, explicou.
Sobre a mudança de comportamento dos leitores brasileiros, a professora acredita que vários fatores associados estão contribuindo para afastar as pessoas dos livros. Inevitavelmente, segundo ela, o formato do livro em papel tem diminuído por conta dos formatos digitais. Além disso, outro aspecto que tem levado a esse distanciamento da leitura prazerosa, de acordo com Tatiana, é o pragmatismo na hora de escolher um livro.
“Uma das coisas que eu acho interessante é o despertar da imaginação, que é mais livre, mais simbólica. No entanto, as pessoas estão buscando leituras direcionadas, seja para fonte de trabalho de cada um, ou então em livros que têm funções: se querem saber sobre criação de criança, tem aquela literatura para isso. Precisa se sentir melhor? Ler autoajuda. Então eu quero resgatar um pouco daquela leitura descompromissada, por prazer”, observa.
E a escolha pelos livros infantis no projeto tem a intenção de despertar esse desejo. “Porque essa é uma característica da leitura da criança. Ela consegue fazer isso. Aí quando coloca o adulto de novo em contato com essa leitura, mesmo que ele talvez não tenha tido essa experiência, se resgata esse aspecto mais leve que é um envolvimento mais descompromissado”, conclui.