Arte indígena do Norte e Sul é tema de roda de conversa

Tentar encontrar pontos comuns e divergentes entre a cultura e arte indígena do Norte e Sul do Brasil é um dos objetivos da pesquisa de pós-doutorado da professora Ivete Souza da Silva, do curso de Artes Visuais da Universidade Federal de Roraima (UFRR). E para realizar esse estudo, diversas ações de imersões vão acontecer em Roraima e Santa Catarina.

Um desses encontros acontece, nesta sexta-feira (17), na galeria Arte Indígena Jaider Esbell, localizada na rua Anália Soares de Freitas, 1633, no bairro Paraviana, a partir das 19h. De acordo com ela, o encontro ‘Delicadezas e Re-Existências’ acontecerá por meio de uma roda de conversa para troca de vivências entre a artista indígena Bernaldina José Pedro e a pesquisadora, que também é artesã.

As duas artistas farão exposição dos trabalhos que produziram para esse evento e terá degustação de damurida. Além disso, algumas atividades surpresas e de interação com o público estão sendo preparadas para o momento. Na conversa, segundo a professora, haverá uma “troca de experiências, de saberes indígenas, de memórias e de afetos com o público”.
A intenção do encontro, de acordo com a pesquisadora, é promover um entrelaçamento entre os saberes do Norte com o Sul por meio de narrativas que façam o diálogo intercultural entre as duas culturas que estão distantes geograficamente, mas que em algum momento apresentam pontos comuns.
Ela explica ainda que a finalidade maior da pesquisa é contribuir de alguma forma para a construção da identidade dos povos do Brasil. “A gente fala bastante dessa questão da identidade brasileira e um elemento que me chama muita atenção e que impulsionou essa busca foi a forte influência da cultura indígena na construção identitária que está tão presente aqui [Roraima] como em Santa Catarina, só que de formas diferentes”, observou.

E o ponto de partida para a investigação identitária que o trabalho propõe está nos trabalhos manuais dos artistas indígenas e não indígenas dos dois estados. Bernaldina, por exemplo, trabalha com a produção de tipoia, e a professora Ivete faz diversos objetos artísticos que envolvem linhas, bordados e crochês. Em Santa Catarina, as ações serão com artesãos que fazem renda de bilro e as produções indígenas dos povos xokleng, guarani e caigangues.

A professora Ivete ressalta também que todo esse processo será feito ainda discutindo a questão da re-existência do povo brasileiro. “E da delicadeza como uma nova de forma da gente existir e resistir, considerando todo o contexto atual, que é de lutas, de intensos encontros e confrontos de diferentes culturas, e precisamos reinventar a nossa forma de existir e re-existir. Essas resistências nos ensinam a buscar outras formas de existir por meio também da dor, mas também por meio da delicadeza e um olhar para pequenas coisas que importam”, conclui.