As plantas alimentícias não convencionais (PANCs) vão entrar de vez para a cozinha. Esse é o objetivo da pesquisadora Mahedy Passos e da chef de cozinha Denise Rohnelt Araújo, com o workshop ‘Cozinhando PANC – biodiversidade na mesa’, que acontece nesta quinta-feira (27), a partir das 18h, na Plataforma 8.
O encontro terá desde a parte conceitual do que se define como PANC, quais os tipos, apresentação de plantas encontradas no estado, além do preparo de comidas feitas a partir ou com a introdução de plantas não convencionais. Ao final do evento, os participantes farão uma degustação dos pratos apresentados.
A doutora em Botânica, Mahedy Passos, explica que catalogou em um livro um total de 40 espécies de plantas que existem na área urbana de Boa Vista, mas que possuem pouca utilização alimentícia. No livro, ela ensina uma ou quatro receitas de cada espécie para fazer em casa. “Toda planta pode ser inserida de forma in natura? Não. Do mesmo jeito que existem legumes que precisam de cozimento, algumas das PANCs também precisam ser levadas ao fogo. Tem plantas que precisam escaldar. Outras podem usar cruas em saladas. E é tudo isso que vamos apresentar nesse workshop”, completa.
Segundo ela, a ideia é tornar possível a diversificação no cardápio, muitas vezes, monótono. Além disso, estimular o consumo, a pesquisa e produção em larga escala que, consequentemente, amplia o campo de atuação do produtor rural. “O que a gente pretende é estimular nas pessoas o consumo e que elas [PANCs] passem a fazer parte do dia a dia como faz a alface, o tomate, a batata. Ninguém quer trocar alimentação para emagrecer ou para não comer carne. Não é nada disso. A ideia é diversificar, incluindo esses alimentos que possuem um maior nutrientes para sua saúde”, ressalta.
PANC
Mahedy explica que as plantas alimentícias não convencionais são tanto plantas conhecidas como desconhecidas que não fazem parte matriz agrícola brasileira. Ela dá como exemplo um fruto bastante conhecido do roraimense, mas que é pouco explorado no estado, que é o buriti. “Nós temos plantas que são muito utilizadas em outras regiões, mas que são negligenciadas em outras. O buriti tem muito aqui, mas vejo alguns lugares vendendo doces que são feitos com produto que mandam buscar no Amazonas ou no Maranhão para vender aqui. Ele não é explorado. A partir do momento que não é explorado de forma comercial, já se encaixa como PANC”, completa.
Outro exemplo de PANC de Roraima que possui potencial alimentício foi o inajá, uma palmeira que é encontrada nas regiões dos municípios de Mucajaí, Cantá, Iracema, e que lembra o babaçu, só que o fruto é bem menor. “A vinagreira aqui em Roraima só encontramos nos quintais de quem conhece a planta lá do Maranhão. É uma planta com potencial incrível e não se vê a utilização na alimentação do boa-vistense. Outro exemplo é a mungumba, que tem em praças da cidade e tem uma função comestível. As amêndoas dela podem ser aproveitadas na alimentação”, finalizou.
PALESTRANTE
Mahedy Passos é bióloga com mestrado e doutorado em Botânica pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). É professora do curso técnico em Agroindústria do estado de Roraima ministrando aulas sobre Tecnologia de frutas e hortaliças. Há cinco anos passou a desenvolver projetos com aproveitamento integral de frutas e hortaliças, que inclui o conceito de PANC.
Já ganhou dois prêmios com projetos de pesquisa sobre as Plantas alimentícias não convencionais (PANC). O primeiro deles foi com o trabalho ‘Mato no Prato’, em 2017. O último foi ano passado com ‘Comida com Conceito’. Os prêmios são do programa de Bolsa de Inovação e Tecnologia (BITER) do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).
SERVIÇO
workshop ‘Cozinhando PANC – biodiversidade na mesa’
Quando: 27 de junho
Horário: 18h às 21h
Local: Plataforma 8 – rua Pedro Rodrigues, 80 – Centro
Ingresso: 50,00
Inscrição: 99113-2752 / 98105-0707