“Todo dia é dia para recomeçar. É uma oportunidade diferente”. É com essa afirmação que a psicóloga Fernanda Costa encoraja aquelas pessoas que estabeleceram algumas metas no início de 2019, mas que agora no meio do ano perceberam que nem começou a colocar em prática algumas delas. Segundo a especialista, se percebeu que ao longo dos seis meses nada saiu do lugar é hora de reavaliar.
“Essa é a hora de analisar quais foram as dificuldades encontradas. Ao fazer essa análise você entra no segundo semestre com mais ‘pé no chão’ e sendo mais realista em relação às expectativas. Observar o que de fato se enquadra na tua vida e entender que o momento é para iniciar as coisas de um modo diferente”, explica.
A psicóloga Dafny Rodrigues completa ressaltando que “continuar sonhando com coisas impossíveis ou não tomar medidas efetivas só gera mais frustração”. “Não adianta montar planos e não se empenhar de fato para alcançá-los. Vamos nos sentir frustrados, como acontece muitas vezes no final do ano. Se ao longo do ano não correu atrás para que de fato se cumprisse, e se a partir do meio do ano não correr atrás de novo, nenhuma meta vai se cumprir sozinha”.
Portanto, a orientação das especialistas é ter cautela. “É preciso ter pé no chão para não acumular mais frustrações para um outro final de ano, e começar 2020 novamente com planos inalcançáveis. Aí vira uma bola de neve e a pessoa não sai do lugar”, observa Fernanda.
Para não cair nessa cilada de novo, as psicólogas ressaltam que ninguém consegue mudar todas as áreas da vida de uma só vez. Portanto, o ideal é se conhecer, identificar seus pontos fortes e começar daquela meta que tem mais facilidade para colocá-la em prática.
“A ideia é criar o hábito de cumprir metas. Se foi bem encaminhada, você escolhe uma segunda. É importante dar tempo ao tempo, conhecer suas necessidades e limites até o ponto de dar tudo de si em uma nova conquista. Muitas vezes o que você precisa mesmo é de uma pausa para resolver pendências”, orienta.
Planejamento financeiro é primordial na hora de sonhar e estabelecer metas
Para o economista Dorcílio Erick, antes de qualquer sonho e metas a primeira atitude que uma pessoa precisa tomar é avaliar a organização das finanças pessoais. “Para que um planejamento seja possível é necessário se certificar sobre o que eu tenho de receita e de despesas, e se no final de todo mês tem sobra ou está faltando”, explica.
Somente depois dessa constatação, ressalta o economista, é que a pessoa pode começar a pensar em um planejamento. “Se tiver sobrando no final do mês, ela pode poupar para custear as metas e sonhos. Mas se tiver faltando, o objetivo é outro: procurar uma forma de ampliar o teu trabalho para conquistar novas fontes de rendas, ou no próprio trabalho atual para ampliar sua renda”, orienta.
O especialista observa que o ideal na vida de qualquer pessoa é ter saldo positivo. Se ainda não alcançou, o primeiro passo é a organização financeira, elaborando um orçamento doméstico em que as despesas são divididas em três principais áreas. De acordo com Erick, de 100% da renda, 30% deve ser para pagamento de despesas básicas como alimentação, aluguel, pagamentos da conta de energia, fornecimento de água, internet. Outros 30% devem ser utilizados para pagar dívidas: cartão de crédito, cheque especial, boleto bancário, parcelas de algum imóvel, eletrodoméstico, veículo. Mais 30% precisam ser separados para despesas correntes, como combustível, transporte, uma saída, um lanche. “E nesse orçamento ideal sobraria 10% para poupar. Se caso a tua renda te permite uma renda maior, você amplia. Como? Você reduz alguns dessas outras variáveis e aumenta a poupança. Caso a renda não dá para custear as despesas do mês, você corta a poupança e reduz algumas dessas outras despesas para que a renda seja possível custear todas as tuas despesas do mês e não fique devendo”, aconselha.
Segundo o economista, somente a partir dessa organização é que se tem uma noção se a renda está compatível com os gastos e se será possível planejar sonhos ou metas. “Se não estiver, você vai ter que correr atrás para ampliar sua renda e poder custear as suas vontades”, ressalta.
Portanto, todos os planos a partir desse ponto serão possíveis, como uma viagem. Para ele, quem tem uma renda deficitária em relação às despesas, ou seja, nunca sobra ou falta, dificilmente consegue viajar, por exemplo, sem ter que comprometer ou ampliar dívidas. “O ideal é que a viagem seja custeada por meio de poupança e não por meio de outras dívidas que podem ser contraídas com o uso do cartão de crédito, cheque especial, pegar recurso emprestado ou deixar de pagar alguns compromissos. Isso não é o ideal”, explica.
Da mesma forma, Erick observa que as despesas de final de ano, ou início de cada ano, precisam ser incluídas no orçamento doméstico de cada família na hora que ele é elaborado. “Se a gente sabe que todo ano vai ter despesas a mais nas festas e no início tem despesas com impostos e educação, é importante que isto esteja na planilha do orçamento”, reforça.
Outra observação do especialista é sobre o uso do 13º salário. Segundo ele, dependendo de como estão as finanças, o uso desse dinheiro extra deve ser aplicado de determinada forma. Se a pessoa está com dívidas, o décimo é para colocar as contas em dia. “Para aqueles que tiveram renda superavitária, ou seja, está sobrando, pode ampliar ou antecipar a sua necessidade de consumo, aquela meta preestabelecida”, conclui.