Dados divulgados em 2019, pelo Journal of Infectious Diseases, apontam que as gestantes têm quase 3,5 vezes mais chances de acabar no hospital devido à gripe do que as mulheres que não estão grávidas. Essa informação em meio à pandemia da Covid-19 pode apavorar muitas mulheres que estão à espera de um filho. Afinal de contas, as gestantes correm riscos?
Para a ginecologista obstetra, Fernanda Penna Pellizzetti, o momento é de cautela, mas não só para as grávidas e, sim, para a população de um modo geral. Segundo a médica, os dados ainda são limitados e até agora não foi encontrada nenhuma “evidência de que haja um maior risco para as gestantes”. E ressalta que passou a ser uma preocupação das autoridades de saúde a relação entre o coronavírus no organismo das gestantes porque “as mulheres no período da gestação, naturalmente, apresentam alterações na imunidade” e por isso o risco de gripe se agravar como aponta o estudo do Journal of Infectious .
O que existe de fato, conforme a obstetra, é a comprovação de que os distúrbios hipertensivos da gestação são um importante fator para mortalidade materna e fetal. Ou seja, o que sempre foi uma preocupação para as grávidas continua sendo a mesma: evitar o aumento da pressão arterial, pois 10% a 15% das mortes maternas estão diretamente relacionadas à eclampsia e pré-eclampsia.
“Nesses casos, por exemplo, pode haver agravamento frente à forma grave da infecção pelo coronavírus. Além disso, vale lembrar que muitas gestantes hipertensas terão outras comorbidades associadas como diabetes melittus e a obesidade”, completa. Portanto, as pacientes com quadros hipertensivos graves e pouco compensados, sim, precisam manter o isolamento social o máximo possível para evitar ser infectada pelo coronavírus.
Exatamente por isso, a médica alerta ainda que o pré-natal, para esses casos, precisa ter continuidade. Ou seja, as pacientes de alto risco gestacional devem manter a programação de visitas ao seu obstetra. “Se não houver prejuízo na qualidade do pré-natal, principalmente, nas pacientes de baixo risco, a orientação é que todas as pacientes não saiam de casa”, ressalta.
Ela orienta também que as recomendações para grávidas e as puérperas (que estão no pós-parto) são as mesmas para o restante da população: precauções de higiene como lavar as mãos com água e sabão, uso de álcool em gel e de máscaras, se houver necessidade, além de evitar o contato com pessoas que não estejam em quarentena. “Devemos também orientar as pacientes que, se elas tiverem febre, tosse ou dificuldade para respirar, devem procurar assistência médica”, conclui.
Fernanda também recomenda que se as mulheres grávidas puderem manter alguma atividade física durante a quarentena é também muito importante para o organismo e o sistema imunológico. “A atividade física para gestantes é sempre benéfica, pois melhora o bem estar, diminui o risco de sobrepeso, hipertensão e diabetes. Mas nesse momento de distanciamento social, as atividades físicas devem ser realizadas em casa”, ressalta.