AGOSTO DOURADO Por que ainda é preciso falar de aleitamento materno?

Todo mês de agosto já se tornou uma tradição nos ambientes que trabalham com saúde pública a realização de diversas ações voltadas para o incentivo ao aleitamento materno. Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apontam que apenas 40% das crianças no mundo todo recebem alimentação exclusiva na vida.

De acordo com a professora de Enfermagem da Estácio da Amazônia, Maria da Conceição Lima Chaves, esses números demonstram que ainda existem muitos mitos e desinformação com relação ao tema e há a necessidade da conscientização de todos sobre os benefícios não só para o bebê como para a mãe.

A especialista reforça que o aleitamento materno contribui para desenvolvimento saudável do cérebro dos bebês, a proteção das crianças contra infecções e redução do risco de obesidade e de outras doenças. Por outro lado, crianças com amamentação exclusiva até os seis meses dificilmente precisarão de assistência médica no futuro, bem como protege as mães lactantes contra o câncer de ovário e de mama. “Então a campanha acontece para falarmos das condições para essa amamentação, enfatizarmos os benefícios dessa amamentação, e também envolver a sociedade e a família nessas conversas. Além de intensificar o trabalho de orientação que já é feito o ano inteiro”, completa.

A professora, mestre em Ciências da Saúde, acredita que é necessário discutir a amamentação ainda no pré-natal. É nesse período que o profissional da Enfermagem faz uma avaliação da mama e verifica se será necessário algum estímulo, avalia a aureola e repassa informações sobre como lidar com as dificuldades que podem surgir. “Uma delas, por exemplo, pode ser o surgimento de rachaduras nos mamilos. Se teve um pré-natal correto, a mãe saberá que o próprio leite é muito bom para colocar no mamilo, pois ele serve como um cicatrizante natural”, explica.

Ela lembra ainda que outras orientações repassadas durante a gravidez são quanto à preparação da mama, seja ao tomar banho de sol para fortalecer a pele, minimizando o risco de machucados mais pra frente, ou quanto ao mamilo invertido. “Ao identificar que o mamilo é assim, já podemos começar alguns exercícios ainda na gravidez como estimulação”, orienta.

A professora acredita ainda que questões envolvendo o aleitamento materno precisam ser discutidas com a sociedade como um todo e com a família. Segundo ela, a amamentação fortalece o vínculo entre mãe e filho, mas esse momento precisa acontecer de forma tranquila. “Uma base familiar é extremamente importante. A mãe precisa estar amparada, em um ambiente tranquilo para que não se sinta sozinha e, principalmente, se não conseguir amamentar pode procurar o banco de leite da Maternidade”, informa.

Por fim, a enfermeira reforça que a campanha também tem o intuito de conscientizar a população para que receba de forma natural a amamentação. “Onde ela [mãe e filho] estiver pode alimentar. O bebê não tem hora. Essa mãe não pode se envergonhar. E isso acontece com a sociedade compreendendo a importância do aleitamento materno para que não julgue uma mãe com o filho no colo”, completa.