A COVID e suas sequelas para o Turismo – A BOA NOVA

O Turismo jamais imaginaria que, em qualquer um dos seus segmentos, sofreria uma turbulência tão aterradora como a que vivenciamos desde março/2020. Qualquer cenário que vislumbrássemos não poderia ser mais dramático e desafiador do que o que se estabeleceu nesse quase 01 ano de pandemia.

Desorientações, desafios, reinventar-se, sobreviver, impotência, uma sensação, por vezes, de náufragos à deriva nesse mar de incertezas, sem ter onde se apegar porque “água não tem cabelos”, e assim quase todos os atores ligados ao turismo ainda vivem da incerteza do que nos espera no futuro. E esse “futuro”, muitas vezes, é de curto prazo, está nas contas a pagar no mês que se aproxima, seja da empresa ou das nossas vidas pessoais, haja vista que a grande maioria dos empresários sobrevive do próprio negócio.

Tem sido um exercício permanente de olhar o alvorecer de um novo dia, ou marcar com “x” no calendário qual o próximo desafio a ser vencido pela sobrevivência. E esta tem sido a realidade de muitos ligados ao turismo, em qualquer segmento, desde as grandes corporações, as cias aéreas, até a casa de eventos, do artista que oferece seus talentos, ou o barzinho da esquina que depende da presença dos seus clientes.

Há uma máxima que nos dá esperança em momentos difíceis: “A crise traz oportunidades”. É preciso estar atento aos sinais. Evidentemente que os caminhos não são os mesmos para todos, mas o certo é que SEMPRE haverá um novo caminho a seguir, e nem será preciso mudar de ramo de atividade, talvez uma correção de rumo traga a alegria de saber que a pandemia foi um farol para a sua vida empresarial, e, porque não, até para a sua vida pessoal.

No Turismo de Natureza a crise sanitária foi, de certa forma, um bom alento para as agências, operadores e receptivos, sem o demérito das dificuldades que todos enfrentaram ou ainda labutam, mas as atividades de campo precisavam ser repensadas, do jeito que estava era quase como fazer um body-jump sem as devidas precauções de seguranças. O Turismo parecia bastante inconsequente com os resultados a longo prazo, e a Natureza sofria esses impactos. Talvez esse “brake” nos sirva para reavaliar que tipo de turismo queremos para a nossa região e para o nosso país.

Afortunadamente, e particularmente, fomos premiados por estarmos na região mais verde do planeta, num bioma diverso, super preservado e com algumas áreas em que o homem ainda nem chegou. É um patrimônio valiosíssimo que deve ser desenvolvido com responsabilidade, com visão de muito longo prazo, e, conforme esse novo momento nos pede, não apenas levar as pessoas a conhecer, mas a viver experiências que as façam compreender a magnitude e a riqueza que há quando se vem para a Amazônia, e, sobretudo, que o Amazônida (a pessoa que vive na região) seja valorizado, seja integrado a todo o processo, que se sinta digno, que tenha autonomia para decidir, e que os resultados sejam verdadeiros quando se fala em turismo sustentável. 

Esta é a minha visão para o turismo na região amazônica.

E diante disso, tenho procurado, através da Empresa e das Entidades que represento, oferecer viagens que sejam transformadoras de vida, de conceitos, de melhorias da visão do turismo. E neste objetivo, oferecemos um portfólio de produtos que são alinhados com esse pensamento, entre eles: Monte Roraima, Rota 174, expedição ao extremo norte do Brasil no Monte Caburaí, caminhadas e cavalgadas pelas nossas serras, matas ou pelos nossos cerrados, Experiência Cultural em Roraima, visitas às comunidades indígenas, Roteiros de Base Comunitária, Roteiro Gastronômico, Experiência de Imersão na Amazônia em São Gabriel da Cachoeira, Expedição ao Pico da Neblina, Amazônia em Presidente Figueiredo, entre tantos outros e alguns em fase de formatação.

Com esta visão do turismo de experiência, o visitante terá um olhar especial sobre o lugar, e o desejo de contribuir para a conservação virá junto na bagagem. Assim, o respeito e o cuidado se antecedem à sua chegada, e então a simbiose harmônica do visitante com os anfitriões estará selada, e todos colherão os melhores frutos ao fim de cada viagem.
Não se deve pensar em operar turismo na Amazônia, nem mesmo pensar em visitá-la, se o propósito maior não for cuidar de tudo o que ela tem ou tudo o que ela é.

A Amazônia é nossa. E somos nós que temos que cuidá-la, preservá-la e defendê-la. E o turismo sustentável, responsável e realizado por operadores sérios e profissionais, e com visitantes comprometidos podem contribuir muito.

Joaquim Magno de Souza

Diretor da Roraima Adventures – www.roraimaadventures.com.br

Presidente da ABAV-RR – Associação Brasileira das Agências de Viagens

Representante da ABETA-RR – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura