O escudo dos super-heróis

Chegou a vez dos super-heróis mostrarem seus poderes nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. A expectativa é grande: o Brasil vem evoluindo no quadro de medalhas dessa competição. O país ficou em 9° lugar em Pequim (2008) e 7° em Londres (2012). A meta é ficar em 5° este ano.

O esporte paralímpico surgiu após a Segunda Guerra para reabilitação dos soldados que voltavam para casa mutilados. Além de oferecer alternativa de tratamento aos indivíduos que sofreram traumas medulares durante as batalhas, aumentava a qualidade de vida e condição psicológica.

Independente se é praticado por alguém com ou sem deficiência física, o esporte de alto rendimento aumenta o risco de lesões, provocadas por treinos intensivos. No caso do atleta paralímpico, as lesões podem ser agravadas pela associação da modalidade esportiva com o tipo de deficiência.

O fisioterapeuta é imprescindível no suporte a atletas paralímpicos, atuando em parceria com a equipe de saúde para garantir a recuperação funcional e o retorno aos treinos antes da perda de desempenho. Mas ainda há pouca informação sobre a atuação do fisioterapeuta nesse universo.

Se os atletas paralímpicos são super-heróis, os fisioterapeutas são os escudos e capas protetoras. Cada vez mais contribuem menos com a reabilitação em si e mais com a prevenção de lesões desses esportistas.

A Fisioterapia, aliás, está presente antes do deficiente se descobrir um atleta. Ele dá suporte ao indivíduo que se vê obrigado a “enterrar” seu antigo corpo para ressurgir, guerreiro, em uma nova “armadura”. É gratificante para o fisioterapeuta fazer uma pessoa descobrir que seu novo corpo é capaz de proporcionar lazer e prazer. E, por que não, ser capaz de praticar esporte de alto rendimento?

A Fisioterapia é fundamental na apresentação do esporte adaptado às pessoas com deficiência física. Atua, também, na avaliação funcional dos atletas – nivelamento da capacidade física e competitiva, o que possibilita uma competição equilibrada.

Regulamentada no Brasil em 1969, a Fisioterapia é uma ciência nova e vinculada ao tratamento. Felizmente, a sociedade está entendendo que o fisioterapeuta pode contribuir com a prevenção –colaborando com um pré-natal mais saudável ou evitando complicações da velhice ou, ainda, desenvolvendo atividades de psicomotricidade em bebês. Acompanhando a tendência, alguns cursos incluíram a disciplina de Fisioterapia na Saúde Coletiva e na Atenção Básica em suas grades – como é o caso da Estácio, que tem 12 mil alunos de Fisioterapia em diversos campi do país.

Em meio a polêmicas sobre as vantagens competitivas que as próteses podem dar ao atleta paralímpico em relação ao “normal”, alguns esportistas com deficiência lutam pela chance de competir de igual para igual porque querem novos obstáculos para superar – sem rótulo “olímpico” ou “paralímpico”. A Fisioterapia é protagonista nessa luta para ampliar o raio de atuação do esporte adaptado como mecanismo de inclusão social.

*Sandra Helena Mayworm é gestora nacional do curso de Fisioterapia da Estácio