Os moradores da comunidade indígena Napoleão, no município de Normandia, participam essa semana do curso “Capacitação Legal”. As atividades tiveram início na quinta-feira, 27, e seguem até amanhã, dia 29. A iniciativa da Assembleia Legislativa de Roraima é desenvolvida por meio da Procuradoria Adjunta Especial da Mulher.
O objetivo é levar desenvolvimento pessoal e profissional às comunidades indígenas de Roraima. A coordenadora do projeto, Fabiana Baraúna, ressaltou que os ensinamentos ofertados podem ajudar os moradores em situações de risco e que no término da qualificação os alunos serão certificados. “No curso a gente vai falar sobre leis estaduais e federais. Também abordamos noções de primeiros socorros, contenção de fogo e ministramos palestras sobre violência doméstica e enfrentamento ao tráfico humano”, explicou.
As aulas acontecem na Escola Estadual Indígena Índio Macuxi e todos os alunos receberam apostilas com os conteúdos que serão ensinados no decorrer do curso.
O primeiro tuxaua Leomir Simplício destacou a necessidade da aprendizagem para a região do Napoleão. “É a primeira vez que uma capacitação deste tipo acontece na comunidade. Na região os próprios indígenas atuam na segurança, e este tipo de curso é fundamental para garantir a melhoria da nossa comunidade”, disse a liderança.
Todos os membros do grupo de Segurança Territorial Indígena Napoleão (STIN) participaram da capacitação. Atualmente a comunidade possui 25 agentes que auxiliam na segurança e ajudam a manter a ordem entre os mais de 1.900 moradores.
O comerciante Matheus Camilo é o segundo tuxaua da região e também atua na segurança da comunidade. Segundo ele, é importante que todos os agentes tenham conhecimento da legislação. “Nós devemos seguir e fazer tudo dentro da lei para evitar processos. É justamente para que todos os agentes tenham noção da legislação, que a gente solicitou esse curso”, justificou.
No primeiro dia de treinamento a psicóloga Elizabete Brito explicou como funciona o ciclo de violência em um relacionamento abusivo. “Nós trazemos essas informações para que os agentes possam atuar, caso identifiquem mulheres em situações semelhantes dentro da comunidade”, explicou.
Shislene da Silva, de 20 anos, é uma das cinco mulheres que estão participando do curso. Ela é moradora e agente de segurança territorial indígena da comunidade Raposa, no município de Normandia.
Ela teve que percorrer alguns quilômetros para participar da capacitação oferecida pela Procuradoria Adjunta Especial da Mulher, e falou que a motivação vem de querer aprender mais sobre o combate à violência doméstica. “Entender como ocorre o ciclo da violência contra mulher, vai ajudar muito no meu trabalho como agente. Principalmente porque sou mulher e atuo na comunidade”, pontuou.
Hoje e amanhã, os alunos terão aulas práticas de defesa pessoal com o professor Renato Lopes, que explicou como funcionará a dinâmica das aulas. “No primeiro dia nós explicaremos sobre a parte teórica da defesa pessoal e das lutas em geral. Serão dois dias de aulas práticas. Nossa intenção é trazer melhorias para a segurança da comunidade”, ressaltou.
Fonte: SupCom ALE-RR