Uma cena um pouco inusitada marcou o fim da manhã desta terça-feira, dia 8, para moradores do bairro Paraviana, zona Leste de Boa Vista. Já próximo à área de Preservação Permanente, às margens do rio Cauamé, dois tamanduás foram avistados por moradores da área urbanizada do local. Apesar de não ser tão estranho para muita gente, que já viu uma vez ou outra um tamanduá entre os bairros Caçari, Parque Caçari e Paraviana, dois animais adultos desse porte, que foram encontrados chegaram a assustar algumas pessoas.
Mas, o segundo o consultor de Sustentabilidade e mestre em Gestão Ambiental, professor Rildo Dias, não há porque temer, pois tratam-se de animais inofensivos, que provavelmente estão em busca de alimentos, devido a cheia dos rios.
“Além de ser algo já esperado para essa região de vegetação, pois possui uma boa população de tamanduás, que eram avistados com mais frequência antes das construções, também tem o fator da cheia dos rios, que acaba atrapalhando a busca pelos alimentos [formigas e cupins], que eles têm que tentar em outros lugares, como lixeiras, onde aparecem nessas imagens”, explicou.
Outro fator apontado por ele para estimular a saída dos tamanduás da mata para o asfalto seria a possibilidade de terem filhotes e com a cheia também enfrentam dificuldade para alimenta-los, expulsando-os do habitat natural pela sobrevivência.
O professor recomenda que quem aviste esse tipo de animal silvestre pelas ruas, que não faça nada, pois naturalmente eles devem voltar para o ambiente em que vivem. “O máximo que se pode fazer é avisar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente para que monitorem, pois não há local adequado para coloca-los em Boa Vista. O ideal é que voltem para área de vegetação de onde vieram. A secretaria pode monitorar para verificar se há mais animais como eles na área urbana, para que se necessário, tomar alguma providência”, explicou.
No local onde foram avistados, os moradores informaram que chamaram a Cipa (Companhia Independente de Policiamento Ambiental), mas até o momento do fechamento desta matéria não perceberam a intervenção do agrupamento na área.
TAMANDUÁ– A espécie não é endêmica ao Brasil, ou seja, não é nativa. Mas é encontrado em quase toda América do Sul e Central. No Brasil está presente em todos os biomas (conjunto de vida vegetal e animal) e ocorre nos estados do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Conforme informações do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade), não há informações com relação à abundância desses animais no país, que possuem em média o tamanho de 1m a 1,2m e 31kg a 45kg. Mas, embora esta espécie em alguns locais seja comum, como em Lavrados de Roraima, também há muitas ocorrências para os biomas Pantanal e Cerrado.
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE – Conforme informações apuradas junto à Prefeitura de Boa Vista, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos e Meio Ambiente não foi acionada para atender a ocorrência, mas enviou uma equipe ao local para fazer o monitoramento dos animais.
As informações enviadas, destacam ainda que em razão da existência de uma APP (Área de Preservação Ambiental) próximo ao local da ocorrência, a circulação dos animais é facilitada. Nesse caso, é importante que a população ligue para a Central de Atendimento 156 para que uma equipe do Meio Ambiente possa fazer o monitoramento.
Sheneville Araújo
Especial para o EducaRR