Dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020, apontam que quase 48 milhões de lares no Brasil possuem cães e gatos, e se tornaram membros da família. Por essa razão, cuidar da saúde deles e de sua alimentação é importante. Para desmistificar algumas dúvidas sobre a alimentação dos pets, a professora de Medicina Veterinária da Estácio da Amazônia, Erika Aragão, analisou e explicou as questões mais comuns sobre o assunto:
– Animais domésticos só podem comer ração?
Segundo a professora, isso é um mito. “Animais domésticos podem comer ração, mas eles podem comer comida também, o mais natural possível. Só basta que o tutor saiba a quantidade correta para dar de cada produto que vai oferecer e também saber exatamente o que pode e o que não pode para cada espécie, para cada raça, para cada idade”, explica.
Ela alerta ainda para o fato de que alguns produtos ingeridos por humanos são tóxicos para cachorros e gatos. “O ideal é que os produtos sejam oferecidos cozidos, bem pouco condimentos, sem nada, nenhum tipo de tempero, sem sal. Só a água e o alimento. Esse cozimento vai retirar alguns microrganismos presentes na própria carne e no próprio legume”, observa.
A professora afirma ainda que o importante é o controle da quantidade que será dada para o animal, em doses diárias. “Tem que pesar, tem que suplementar esse produto, caso queira substituir completamente a ração, porque a ração já tem tudo isso bem pesado e bem controlado. Se a gente vai substituir totalmente a gente tem que dar uma alimentação, uma nutrição melhor do que a ração, e não pior. Então a gente tem que suplementar também, fazer um controle rigoroso, pesar, oferecer a mesma quantidade do dia”.
Outra sugestão da Érika é misturar outros produtos na própria ração para não substituir de vez. “Só para deixar assim mais palatável para o animal conseguir se nutrir mais e não rejeitar a ração. A sardinha em lata, em conserva no óleo, pode se misturar na comida, principalmente na dos gatinhos. Azeite de oliva também pode jogar em cima da ração ou iogurte natural e patê de fígado. Pode colocar carne também, se fizer o cozimento rápido e misturar na ração. Um coração, uma moela, carne moída, peito de frango, tudo pode se misturar na ração. Pode também fazer um caldinho de osso e mistura na ração. É uma possibilidade e melhora muito”, sugere a professora.
– Existe um alimento específico que ajuda a aumentar a imunidade do cachorro?
Existem alguns, sim, conforme afirma a professora. Alguns desses alimentos são o atum, a sardinha e o salmão: “Eles contêm ômega que é um ácido graxo e isso ajuda a produção de células novas. Mas tem também proteína, e tem também vitamina”, explica. Ela sugere ainda as carnes das aves ou ovos, crus ou cozidos. “Eu prefiro o cru porque dá mais palatabilidade. O cozido, eles desprezam a clara. A grande maioria dos animais, principalmente os cachorros, gostam mais da gema e desprezam a clara. Mas um alerta: tem que saber exatamente a procedência desse ovo. Tem que confiar no seu produtor porque também tem o problema da salmonela. Então a gente tem que saber sempre qual é a origem de cada produto que a gente vai utilizar com os animais”, orienta.
Ela explica que todos esses alimentos são fontes, principalmente, de proteína, mas também de selênio, zinco e muito aminoácidos, que é a base de toda a proteína, é o formador de célula também. Então tudo que é formador de célula, todo produto que vai ajudar a formar e construir novas células, é um bom alimento para a imunidade”.
Outros produtos que ajudam a aumentar a imunidade dos animais são o fígado, que tem ferro e vitamina B, A e K; brócolis, cenoura, morango, melancia e batata doce.
– É certo deixar o alimento à vontade para o pet?
Não. “Qualquer produto orgânico no ambiente proporciona visitas indesejáveis de seres famintos, como formiga, mosca, sapo que acabam deixando substâncias em cima desse alimento e dá desde intoxicação até simplesmente afastar o animal pet daquele alimento porque está com um cheiro estranho”, explica.
Além disso, a professora alerta que o animal precisa ter horários bem definidos para se alimentar, para não desequilibrar a digestão e a própria defecação. “E para os animais ansiosos, se o alimento está o tempo todo lá à vontade, eles vão lá o tempo todo, comem direto e podem ter obesidade. Sem contar que também os animais mais seletivos, quando têm o alimento ali à vontade, vai diversas vezes dá uma cheiradinha e com o passar do tempo acaba enjoando mais facilmente dessa alimentação. Então o ideal é: dividir em quantas vezes o tutor acostumou o seu pet a comer. O animal não comeu? Tira, guarda para oferecer na segunda alimentação dele”, orienta
– A ração deve ser sempre a mesma?
Depende do animal. Ela explica que vários fatores precisam ser avaliados: como a raça, a idade, se possui alguma comorbidade, o porte físico ou o tamanho desse animal. Segundo Érika, existem animais que toleram ficar com a mesma ração para toda a vida sem nunca diminuir o apetite, e nem mudar o porte físico, nem emagrecer, nem engordar.
“Já tem outros que é bem característico, por exemplo, de cães da raça pura são super seletivos e enjoam muito rápido da ração. O tutor precisa trocar periodicamente a ração de uma maneira gradativa para não desequilibrar também toda a questão intestinal do animal. Então assim depende muito do animal. Não é uma coisa que seja regra”, explica.