Para Neiliane Carvalho, a pandemia ampliou o alcance digital e fortaleceu a profissão.
A tendência ficou ainda mais evidente no período da pandemia da Covid-19
Élissan Paula Rodrigues
Especial para o EducaRR
Uma tendência no comércio de varejo em todo Brasil, a utilização dos chamados influencers digitais virou praticamente uma febre em Roraima. Estes profissionais são capazes de influenciar outras pessoas a adquirir produtos e serviços por meio da produção de conteúdos nas redes sociais. Já se tornou rotina dar uma paradinha nos afazeres do dia a dia para uma “checada” nas redes sociais antes de saber como funcionam as empresas, a média de preços e até se o atendimento condiz com o que é ofertado.
Uma tendência no comércio de varejo em todo Brasil, a utilização dos chamados influencers digitais virou praticamente uma febre em Roraima. Estes profissionais são capazes de influenciar outras pessoas a adquirir produtos e serviços por meio da produção de conteúdos nas redes sociais. Já se tornou rotina dar uma paradinha nos afazeres do dia a dia para uma “checada” nas redes sociais antes de saber como funcionam as empresas, a média de preços e até se o atendimento condiz com o que é ofertado.
Muitos iniciaram como Neiliane Carvalho, que começou o perfil Dicas Pra Casa (@dicaspracasa) há cerca de quatro anos, de acordo com ela, sem qualquer pretensão de uso profissional. “Era menor a demanda nessa área. Ganhava-se pouco. Quando eu vi que poderia ganhar dinheiro, promover empresas do meu estado e diretamente gerar a economia, busquei estudar. Pesquisei cursos online”, comentou.
Até esse mercado sofreu ajustes nos últimos tempos, segundo ela. Se anos atrás esse custo para capacitação era considerado acessível – ela chegou a pagar R$29,90, hoje não custa menos de R$1.000. “Isso com a mesma profissional que investi”, aponta.
A influencer acredita que a pandemia apresentou todas as possibilidades que o digital já oferecia. Ela foi à Europa e participou de uma capacitação na área, recentemente, e acredita que pelo ‘velho continente’ esse filão ainda está em fase de descobertas. “Eles ainda estranham a gente entrar filmando, fazendo propaganda. Já nos Estados Unidos, tendo mais de 50 mil seguidores, é possível solicitar até permanência por trabalho no país”, comentou.
Tendência
Neiliane também aponta uma nova tendência dentro deste universo da comunicação para vendas: a dos empresários que acabam investindo em conhecimento para se tornarem influencers do seu próprio negócio. “Acabam criando uma conexão com os clientes, e tem vários casos de muito sucesso”, comentou. Ela salienta que para chegar a esse resultado positivo é preciso conhecer seu público, baseado no que comercializa e buscar mecanismos e estratégias para mantê-los e atrair novos clientes.
Influencer do próprio negócio
Márcia Maboni se tornou referência na internet ao longo dos últimos anos. Ela é literalmente “a cara” do açougue Maboni, uma empresa tradicionalmente familiar, e que com ajuda das redes sociais conseguiu não apenas manter, mas expandir suas atividades e se destacar no mercado regional.
Ela é Bióloga de formação, mas o fato de ser filha de empresário ajudou a ‘tomar gosto’ pelo ambiente, sobretudo, no quesito atendimento ao cliente. Depois de se casar com Marciano Maboni, resolveu ajudar a família no próprio negócio.
O trabalho nas redes sociais teve início com a participação de Márcia em uma palestra onde foi lançado o desafio de “dar a cara” pelo próprio empreendimento. “Pensei: rapaz, eu acho que vou tentar. Antes eu fazia vídeos mas não aparecia. Comecei a gravar, e tinha que fazer uns 30 vídeos para salvar um. Estudei e aprendi técnicas, mas muito foi feito instintivamente”, relata.
O retorno dessa atitude é sentido diretamente no faturamento da empresa, conforme ela. “Vi que estava dando certo, vendo mais quando apareço. Os clientes confiam mais. É trabalhoso mas é gratificante”, confessa.
Conexão com o consumidor
Também é utilizando as redes como ‘termômetro’ que Márcia lança novos produtos e até deixa de comercializar outros.
“Pesquisando em outros estados começamos a vender porções menores, já embaladas e cortes que facilitassem a vida do consumidor, como a carne já cortada para estrogonofe e receitas que faço em casa como as almôndegas”, disse.
A conexão com o consumidor final da empresa chegou tão longe que Márcia começou a falar sobre questões cotidianas e a ajudar muitas pessoas que a seguem no perfil da empresa e também no pessoal. “Eu acredito que posso ajudar quem também passa pelas mesmas dificuldades. Se é para se expor, tem que ser por bons motivos”, finaliza.
Márcia Maboni é a cara da própria empresa na internet.
Empresária aponta vantagens dessa modalidade de marketing digital
A empresária Rosana Kempfer, proprietária da Techfrio, especializada na venda de aparelhos de ar-condicionado, ampliou os negócios nos últimos anos para eletrodomésticos diversos. Ela diz que é perceptível o aumento nas vendas quando fecha parcerias com digitais influencers. “Principalmente naquelas que têm maior credibilidade com o público, e sabem fazer publicações diretas e curtas falando sobre determinado produto”, complementa.
Para ela, essa agilidade na hora de produzir a divulgação e colocar ‘no ar’ é um dos diferenciais dessa nova proposta. “Nos traz possibilidades de, a cada semana, falar sobre um produto diferente de forma simples, sem a necessidade de trazer uma empresa para dentro da loja para gravar um comercial. Elas mesmas produzem e publicam os materiais. Depois ainda nos dão um retorno sobre o material postado”, argumenta.
Rosana explica que a chamada mídia tradicional, que inclui a programação na TV aberta, além de mais cara para o empresário, também foi se tornando menos usual para o consumidor final. “Nós percebemos que grande parte dos nossos clientes não assiste mais à programação da TV aberta. Migraram para TV paga ou canais de streaming, e para contribuir a divulgação na mídia tradicional continua sendo uma das mais caras. Através dos celulares a pessoa tem acesso à mídia 24 horas por dia”, ponderou.
Esse ‘poder’ dos novos profissionais é tamanho que, se por um lado há produtos que se esgotam em dois ou três dias após uma postagem, por outro, há itens que deixam de ser até comercializados após um feedback dos influencers. “Quando nos passam que não houve aprovação, que os clientes experimentaram e não gostaram, paramos de comercializar”, confirma Rosana, que já percebeu o nível de interação das redes. “Quando o cliente não gosta dificilmente comunica ao lojista, mas se compra por influência, não sei por qual motivo, eles comentam na postagem do influenciador”, reforça.
Capacitação para influencers
Seguindo a tendência do mercado, o Sebrae Roraima ofereceu diversas capacitações com Siloany Neves, uma das influencers mais disputadas do mercado local. “Comecei a fazer lives (no período da pandemia) e o Sebrae enxergou ali uma oportunidade. Me contrataram e cobraram as inscrições. Na pandemia foi um sucesso, e eu sempre bonificava os inscritos com stories, mandava me marcar para fazer a repostagem. Mas depois fui segmentando esse trabalho”, explica ela.
“É fundamental estudar qual produto deseja vender e direcionar para um influencer que abarque melhor aquele tema”, diz Siloany Neves
Entre as técnicas repassadas por ela para empreendedores e também interessados em se tornar influencers as boas práticas nas redes sociais, técnicas para atendimento via WhatsApp, o novo perfil do consumidor roraimense, e até posicionamento e comportamento nas redes sociais.
Siloany acredita que a ‘fórmula mágica’ para atuar no mercado atual, é a identificação do negócio com o perfil do profissional contratado para fazer a propaganda. “Muitas vezes o influencer que está ‘bombando’ não faz o perfil da sua empresa e nem alcança seu consumidor. Você precisa estudar qual produto deseja vender e direcionar para um influencer que abarque melhor aquele tema. Isso também te dá a possibilidade de contratar vários, repassando abordagens diferentes”, analisa.
Uma boa alternativa, ainda segundo ela, é contratar um social media – que é o profissional que consegue avaliar o perfil ideal da sua empresa e indicar influencers para seu nicho – , além das agências de publicidade que também podem facilitar essa contratação.
Ferramenta de divulgação resulta em crescimento do negócio, afirma analista
O Sebrae Roraima seguiu a tendência e criou uma Loja Virtual para atendimentos.
O fato de as pessoas estarem cada vez mais conectadas têm levado as empresas a optar pela divulgação dos seus trabalhos por meio dos influenciadores. O uso dessa nova ferramenta, na avaliação do analista do Sebrae Roraima, Nickson Luã Brasil de Andrade, faz com que os empresários tenham crescimento expressivo sem alto investimento.
Conforme Andrade, dentro do marketing digital, um dos principais atores são os influenciadores digitais ou criadores de conteúdo, que na maioria das vezes são formadores de opinião que acabam influenciando hábitos de consumo. “E as empresas que conseguem desenvolver estratégias assertivas com esses profissionais, ou mesmo transformá-los em representantes da sua marca, conseguem experimentar um crescimento exponencial nos resultados do seu negócio, com baixo custo de investimento, considerando outras formas de divulgação tradicionais”, reforça.
Ainda segundo ele, a procura por essa modalidade de divulgação tem sido, sim, um reflexo na mudança de comportamento do próprio consumidor. “Obviamente, o consumo de conteúdo na internet cresceu muito nos últimos anos, e o consumidor está cada vez mais crítico e seletivo quando o assunto é divulgação de produtos e serviços por meio das redes sociais, provocando assim, a procura por influenciadores que passem credibilidade das marcas”, analisou.
Ele explicou que, com a pandemia da Covid-19 acelerando a transformação digital dos pequenos negócios, o Sebrae buscou fazer a curadoria de conteúdos sobre o meio digital, que estavam em ascensão para repassar aos empreendedores locais, e foram formatadas capacitações que impactassem no dia a dia das empresas, já que a grande maioria não estava preparada para o digital.
“Ainda é uma tendência no mercado local, considerando que Roraima possui um mercado pequeno e longe dos grandes centros urbanos, onde a transformação digital já estava amadurecida. E hoje o Sebrae Roraima dispõe de uma Loja Virtual, que nasceu dessa necessidade tecnológica de atender os pequenos negócios, com vários conteúdos sobre gestão, marketing, finanças dentre outras temáticas”, informou.
