Conheça a história do empreendedor Railonso Almeida, que resolveu seguir “carreira solo” para enxugar custos nos primeiros meses de seu negócio
Yana Lima
Especial para o Educarr
Foi com um uma ideia na cabeça e R$36 mil no bolso que Railonso Almeida, de 27 anos, saiu da casa da família para abrir seu próprio negócio: o Hotel do Raí. Além de dar nome ao empreendimento, ele criou um sistema de “euquipe”, onde além de proprietário, é recepcionista, camareiro, cozinheiro, vigia e até hóspede, e usa essa máxima para divulgar seu empreendimento nas redes sociais.
Isso porque, para conseguir viabilizar seu sonho, ele optou por morar no hotel. Nos últimos dois meses, a rotina do Raí, como gosta de ser chamado, começa às 5h30, hora de comprar o pão e preparar o café da manhã para os hóspedes. Às 7h30 ele parte para a limpeza dos quartos.
Quando soa a campainha na recepção, ele para o que está fazendo, atende os clientes e depois volta para a limpeza. No período da tarde é o momento em que ele aproveita para fazer compras e adiantar os preparativos para o dia seguinte. Esta rotina diária segue até cerca de meia-noite, isso quando algum hóspede não o aciona no meio da madrugada pedindo algo.
Clique e conheça um pouco da rotina do Raí.
“Nunca me assustou sair de casa, vender meu carro, para iniciar meu negócio. Quando chegou a oportunidade, aluguei um prédio e coloquei o meu nome. Deixei toda uma vida para trás e tô morando no hotel”.
O interesse pelo ramo de hotéis vem de família. O pai e o irmão de Raí também são proprietários de hotéis – Hotel Ideal e Hotel Maracá – , e foi isso que incentivou Raí a seguir no mesmo segmento. “Desde 6 anos andava de patinete pelos corredores do hotel do meu pai. Na juventude sempre ia tomar uma cerveja no hotel do meu irmão, quando a oportunidade surgiu eu agarrei”, disse.
A oportunidade que Raí menciona chegou quando um amigo viajou e precisava de alguém que tocasse o hotel que existia no local, e desse seguimento ao contrato de locação do imóvel. Ele arrendou o que podia, e complementou com móveis da própria casa. Hoje, o roupeiro que era dele, por exemplo, é utilizado para guardar as roupas de cama do seu empreendimento.
Profissão: empreendedor
O sonho de empreender começou quando Raí era funcionário do pai. Ele chegou a fazer faculdade de Direito, estudou para concurso, mas o desejo de ter o próprio negócio era latente. O primeiro empreendimento dele foi uma loja de roupas masculinas, que existe até hoje, mas a renda principal dele vem do hotel.
“Já chorei, já passei mal, já tomei ‘pino’, mas não penso em desistir. É vivendo e aprendendo. A gente precisa de amor para lutar, pois é o amor que move as coisas, amor por uma profissão, amor por uma vida melhor”, conta.
Morar no trabalho
No momento em que o home office se popularizou, Raí fez o caminho inverso. Ter moradia e trabalho no mesmo local têm seus pontos positivos e negativos.
O lado bom é que você está sempre de olhos atentos ao negócio. No caso dele, o fato de poder limpar um quarto de madrugada e hospedar outra pessoa imediatamente, ajuda a fidelizar o cliente. Outro ponto que pode ser positivo é a proximidade com o cliente e o fato de ele vivenciar a realidade deles. A parte desafiadora é a perda da privacidade e dos horários de descanso. “Se falta luz, água, internet, eu também sou prejudicado. Mas essa proximidade com o cliente virou até o meu slogan. Aqui você entra cliente e sai amigo”.
Diferenciais
Além desse trato íntimo com o cliente, o empreendedor aposta em diferenciais para se destacar da concorrência, como o fato de aceitar pets e ser maleável na negociação da tarifa em estadias mais longas, cujas diárias variam de R$110 a R$130. Além disso, ele também disponibiliza a cozinha para o cliente e é flexível com horários.
Outro diferencial adotado por ele para estreitar o relacionamento com o cliente é buscar se informar para atuar como um verdadeiro agente de turismo na região, informando os principais pontos turísticos, horários e valores.
Sebrae disponibiliza consultorias para empreendedores do ramo hoteleiro
Por entender a importância do setor hoteleiro para desenvolver o potencial turístico de cada Estado, o Sebrae tem um Projeto de Turismo no qual os hotéis estão inseridos.
Cada empresa é acompanhada pela consultoria Destino Turístico Inteligente, que identifica as necessidades da empresa e orienta a melhor forma para se adaptar e receber bem o turista.
Essa consultoria indica um plano de ação com atendimentos e capacitações conforme cada perfil, e o Sebrae executa o plano de ação no ritmo da empresa. A analista do Sebrae, Isabel Diniz, explicou que para participar, basta atender a alguns requisitos. “É preciso que a empresa esteja formalizada em qualquer segmento do turismo e faça a adesão ao projeto, com o pagamento anual de R$200”, explicou.
Os interessados podem procurar a agência de atendimento do Sebrae Roraima, localizado na avenida Ville Roy, 5240, São Francisco, ou obter mais informações pelo telefone 0800-570-0800.