Promover formação integral, articulando ensino, pesquisa e extensão, em consonância com os arranjos produtivos locais, sociais e culturais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, essa é a missão do Instituto Federal Roraima, que os cinco campi têm como regra principal.
Dentro dessa premissa, aliando a visão e os valores institucionais de ser referência como instituição de formação profissional e tecnológica, o Campus Amajari, localizado no norte do estado, distante 156 km da Capital, iniciou o ano letivo 2017 com mais uma turma de alternância do curso Técnico em Agropecuária integrado ao ensino médio, desta vez exclusiva para 30 alunos indígenas com até 17 anos de comunidades do entorno do Contão, Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, homologada em 2005.
Domingo, dia 12, foi o primeiro contato deles com o campus ao chegarem para o início das aulas. No dia seguinte, eles participaram da acolhida, que neste ano envolveu os veteranos no preparo dos espaços didáticos para apresentar e receber os calouros.
Nas turmas de alternância, os alunos dividem os estudos em duas etapas, ou seja, passam 15 dias aprendendo teoria e prática na escola, e outros 15 dias na comunidade. Nesta última etapa, chamada de Tempo Comunidade, têm de desenvolver atividades nas suas localidades, quer apoiando projetos já existentes, quer implementando novas intervenções.
As expectativas dos discentes em estudar no IFRR são as melhores possíveis, inclusive para quem tem só 14 anos e pela primeira vez sai de casa para estudar em outro município, distante da família e dos amigos. “Queria estudar aqui, por causa dos estudos”, disse Auriele Pereira e Pereira, da Comunidade Maravilha, que, apesar da pouca idade escolar, iria começar o segundo ano do ensino médio na Escola Estadual José Marcolino, no Contão.
Dessa escola estadual, o campus também recebeu vários alunos, entre eles Teresinha Júlio de Sousa Tobias, 16, moradora de São Bento; Gilmar Felismino Ribeiro, 17, e Marcelo Batista Simão, 17, ambos da Comunidade de São Luiz, que comentaram com entusiasmo as novidades encontradas nos primeiros dias de aula. “Achei bem legal as aulas e, dos espaços que a gente conheceu, gostei mais da piscicultura”, disse Marcelo.
Para que os alunos deixem suas comunidades para estudar na Rede Federal Tecnológica, o diretor-geral do Campus Amajari, George Sterfson Barros, cita a existência de um grande investimento. Às turmas de alternância já são garantidos auxílio-transporte, auxílio-alimentação e auxílio-alojamento. “A nossa estrutura física e de pessoal também é excelente, e a maioria dos professores tem mestrado ou doutorado; outros estão cursando. Então, esperamos que cada aluno aproveite essa oportunidade para aprender e depois ajudar a sua comunidade”, afirmou.
A diretora de Ensino do CAM, Pierlangela Cunha, lembra que, no ano passado, a turma de alternância era do Taiano, Município de Alto Alegre, e que a turma do Contão foi o resultado da demanda da própria comunidade, que procurou o IFRR-CAM, o qual esteve por várias vezes na localidade, reunido com líderes indígenas da região, para acertar a oferta da turma.
Pier explica que, no dia 8 de março, já ocorre o primeiro Tempo Comunidade, no Contão, quando docentes irão orientar e acompanhar os projetos que os alunos irão desenvolver. “Esse suporte pedagógico é fundamental para o aluno replicar projetos nas comunidades”, afirmou.
A diretora esclarece ainda que um dos objetivos das turmas de alternância é possibilitar que o IFRR atenda alunos de regiões distantes e que estes possam contribuir, por meio
de projetos de intervenção, com suas comunidades, respeitando a cultura, as tradições, dando opções de crescimento e desenvolvimento na região.
Fonte: CCS/Campus Amajari