O que poderia ter sido um obstáculo ou mesmo a justificativa para uma desistência do curso superior, serviu apenas para alavancar o sonho da bacharel em Direito Simone Brito, recém formada pelo Centro Universitário Estácio da Amazônia.
Diagnosticada com a doença em 2015 , ela não deixou de frequentar as aulas, participar das atividades e se formar este ano. “Meu diagnóstico aconteceu em outubro [de 2015], justamente no mês de conscientização para prevenção da doença”, lembra. A mãe da Simone tem 65 anos e foi diagnosticada com o câncer há seis anos, passou por procedimento cirúrgico e realizou a mastectomia. Porém, o tumor voltou no mesmo período em que a filha descobria ter a mesma doença.
O câncer de mama atinge milhares de mulheres em todo mundo. No Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para este ano é de mais de 57 mil novos casos a serem detectados. Simone conta que estava em São Paulo, mas preferiu manter a descoberta em silêncio para que a mãe não ficasse mais fragilizada. “São coincidências que Deus coloca em nossas vidas. Eu reuni a família aqui e pedi para que eles não comentassem nada com ela sobre meu caso”, disse.
Ela diz que chegou a comentar sobre os exames de rotina, mas insistiu para que a mãe permanecesse em São Paulo para continuar com o tratamento. A primeira pessoa, a saber, foi a filha mais nova. “Quando eu peguei o resultado do exame estava com minha filha menor ai eu falei pra ela ‘minha filha, deu câncer’”, lembra.
Ao receber o diagnóstico, Simone chegou a pedir para a líder de turma retirar seu nome da participação da festa de formatura. Para ela, dali em diante o futuro seria incerto. “Eu não estava em condições”, revela. Mas a reação dos colegas foi totalmente o contrário, e eles impediram que ela desistisse.
Ela conta que o médico orientou a trancar a faculdade por diversas vezes. “Ele me disse que não aguentaria por causa da quimioterapia. Era época para defesa do meu artigo científico, eu tinha que apresentar”, diz. Segundo Simone, a história começou a se espalhar entre alunos e professores, e a cada dia o apoio crescia. “Eu tomava a quimioterapia e ia para aula. As primeiras foram as mais debilitantes, até o corpo se acostumar. Eu sentia sono, estava mais ‘preguiçosa’, mas não faltava”, ressalta.
E foi com essa determinação que ela conseguiu concluir o curso e se formar recentemente, participando de todas as etapas e se formando com a mesma turma com quem iniciou o curso, e meio a diversas homenagens feitas por colegas e professores. “Isso aqui [Estácio] é uma forma de eu não pensar tanto na doença. Todos nós estamos passíveis de, a qualquer momento, sermos acometidos por esta doença, agora a forma de como você vai enfrentar isso é que são elas”, conclui.