No dia 2 de agosto de 2002, iniciava uma nova jornada para a orientadora Glaucia Lopes de Domenico, com a abertura da Unidade do Kumon no Centro de Boa Vista. Esse ano, ela celebra uma jornada de 15 anos dedicada à orientação e ao desenvolvimento de pessoas por meio do Kumon.
Ela conversou com exclusividade com o site EducaRR:
Um pouco da sua história com o Kumon…
Eu entrei no Kumon com 11 anos de idade como aluna e segui em uma unidade do Kumon até os 16 anos, quando eu comecei a trabalhar como auxiliar de correção. Fiz faculdade de Pedagogia para abrir uma unidade do Kumon. Eu não sabia onde seria, provavelmente seria em Fortaleza porque eu morava lá nessa época. Quando eu estava terminando a faculdade, namorava um rapaz daqui, que é o Juliano (hoje marido), e que quando ele terminasse a residência viria embora. Quando faltavam três meses para terminar a faculdade, a orientadora que já estava aqui, na avenida Sebastião Diniz, a Edna, adoeceu e precisava de uma orientadora para substituí-la e foram procurar. Como eu trabalhava em uma unidade como auxiliar, eu fiz um teste para substituí-la aqui em Boa Vista. Eu não conhecia a cidade, não conhecia a região Norte, arrumei a minha mala e vim embora. Eu cheguei aqui em 13 de julho de 2002, e no dia 2 de agosto de 2002 eu inaugurei a unidade exatamente aqui nesse local.
E quais foram os desafios de lá para cá?
Foi um desafio muito grande quando eu cheguei. Culturalmente era muito diferente para mim. É muito diferente você ser funcionária e se tornar dona de um negócio. Eu era muito novinha, tinha uns 23 anos, tinha acabado de sair da faculdade e estava aprendendo a vida, casando (risos), e tive que aprender muitas coisas na vivência mesmo. Leis trabalhistas, a parte administrativa, não era uma coisa que eu gostava, porque o que eu gosto mesmo é do atendimento aos alunos, de orientação mesmo, da parte pedagógica, de estar com os alunos, com os pais, orientar. Mas quando você se torna dona do próprio negócio tem que ter noção de um todo e não abandonar nenhuma área e, eu aprendi muito nesses 15 anos.
Quando eu cheguei aqui eu tinha uma meta, a minha meta era muito simples: eu queria ter 200 alunos e essa meta eu consegui no primeiro ano de trabalho. Eu atingi a meta e foi surpreendente. Eu ganhei um prêmio exclusivo, sou a única unidade que, em um ano, conseguiu atingir 200 alunos.
Sobre a cidade, o convívio e a aprendizagem?
Eu fui muito bem acolhida aqui em Boa Vista. Eu amo muito morar aqui, tanto que quando eu viajo, sinto uma saudade dessa cidade. Meu sangue já é roraimense, eu gosto muito, muito, muito de morar aqui. Conheci pessoas muito especiais. Já passaram mais de seis mil alunos aqui na minha unidade. Um número incrível nos últimos 15 anos e eu me lembro muito de quase todos eles. Semana passada chegou um ex-aluno meu de quando eu abri, adulto já, e falou assim: “Tia Gláucia!”. E eu disse: ‘peraí, peraí, Felipe?’. E ele: ‘você lembrou de mim’.
Aprendi muito com meus alunos, com os pais dos meus alunos..
Algum caso especial?
Olha, há muitos casos especiais. O Daniel chegou aqui com uma grande dificuldade para aprender a ler e a escrever. Ele tem o Espectro Autista e eu consegui trabalhar com o Daniel e ele aprendeu a ler e a escrever, a fazer cálculos aqui no Kumon e hoje ele frequenta escola normal e regular e consegue seguir os anos normalmente. Outro caso que eu tenho, e gosto muito de lembrar, é o Flávio José. Eu abri a unidade com o Flávio José, um dos meus primeiros alunos e o Flavinho tinha uma dificuldade com aprendizagem e, mesmo assim, a gente conseguiu trabalhar com ele isso aqui e ele passou para Matemática na Universidade Federal de Roraima. Hoje ele é um homem que dirige, resolve as coisas dele e que também tinha essa perspectiva de ser um menino bem limitado.
Tem muitos casos de alunos passarem em vestibulares difíceis. Assim, o aluno tem que ser o que ele quiser quando ele crescer, mas em alguns casos, principalmente quando se passa em Medicina, Direito em universidades difíceis, como o João Vitor Reis que tinha o sonho de passar pra PUC [Pontifícia Universidade Católica] pra Direito e hoje ele está lá. Eu morro de orgulho desses meus alunos, dos meus alunos que fazem Medicina, a Rayssa Saron que foi uma das minhas primeiras alunas e que hoje é doutora e quando eu a encontro ela fala ‘Tia Gláucia’.
Ainda tem esse carinho, de chamarem você de ‘Tia Gláucia’.
Esse ‘Tia Gláucia’ surgiu de uma aluna chamada Samara, que hoje é médica, os três irmãos que hoje são médicos já foram meus alunos e ela me chamava de Tia Gláucia. Ela fez uma página no Orkut ‘Tia Gláucia no Comando’ e aí essa história começou e eu virei a Tia Gláucia. Eu sinto um carinho muito grande quando me chamam de ‘Tia Gláucia’, é uma forma que nos aproxima assim.
Quais foram as conquistas do Kumon nesses 15 anos?
Eu tenho muito prêmios e trabalhei muito. Logo no início, eu queria ter uma unidade grande e eu consegui isso muito fácil, digamos. Eu fui muito bem recebida aqui em Boa Vista, logo que eu cheguei fui bastante procurada, sou tratada com muito carinho pelos pais. Logo no começo eu tinha a ideia de ter um espaço grande. Depois eu percebi que eu deveria ter uma unidade com qualidade e não por tamanho. Eu mudei o foco pra qualidade e não para o tamanho e aí, em 2013, foi o primeiro [Prêmio] de Excelência, fiquei em terceiro lugar na América do Sul em qualidade e, de lá pra cá, estou sempre em primeiro, segundo ou terceiro lugar. Em 2016 conquistei o primeiro lugar em qualidade na América do Sul, além de, desde 2014, ser a maior unidade da América do Sul e isso é muito legal. Você conseguir crescer com qualidade, ter quantidade e qualidade, acho que isso é um marco máximo.
Para chegar a esse patamar foi um trabalho muito grande.
Atualmente o Kumon deve ter na América do Sul, 1500 unidades. São muitas unidades. Para você receber o Prêmio Excelência na América do Sul, você tem que estar entre as três com maior qualidade na orientação do aluno. Então, são alunos que avançam com melhor qualidade, são alunos que permanecem no Kumon mais tempo e, com isso, conseguem um melhor avanço. A qualidade de orientação é o que faz com que eu consiga esse Prêmio de Excelência América do Sul, Excelência Brasil, Clube Ouro, e temos outros prêmios. A gente tem como a Unidade com o Maior Índice de Concluintes em Português, o Maior Número de Concluintes em Inglês, o Maior Número três anos adiantados em Português, Matemática e de Inglês, somos a única unidade na América do Sul a chegar a 1000 alunos, o Clube Ouro que são as 50 unidades com a maior qualidade. Assim, você conseguiu ficar entre as 50 melhores, você é Clube Ouro, entre as 10 primeiras desse Clube Ouro, é excelência Brasil e é onde eu entro e as três primeiras é excelência América do Sul.
Como é o Kumon como instituição de ensino para o mercado de trabalho?
O Kumon abrange alunos de todas as escolas e nós não somos reforço e nem aula particular. Então, o nosso objetivo é não competir com as escolas e sim potencializar os nossos alunos para que eles tenham o melhor rendimento nas suas escolas. Os alunos do Kumon se destacam por serem mais concentrados, eles são mais dedicados ao estudo, têm reserva de capacidade para pensar e conseguem fazer um número maior de atividades nas escolas sem se cansar, fazem diferença na escola e, consequentemente, na sociedade. Eu tenho certeza que nesses 15 anos, muitos alunos que passaram por aqui tiveram uma evolução, uma mudança de visão, de vida, através dos estudos. É uma mudança na sociedade que vai acontecendo com uma mudança de capacidade, do seu desenvolvimento. Esses ex-alunos fazem a diferença hoje.
Quem pode e como ter acesso ao Kumon?
Qualquer aluno, que esteja estudando ou não, pode fazer Kumon. A partir do primeiro mês de vida, o meu aluno mais velho tem 87 anos e está sendo alfabetizado. É uma DE- LÍ-CIA! Temos alunos de Português, Matemática e Inglês de todas as idades, além de trabalhar todas essas disciplinas, aprender matemática, raciocínio lógico, melhorar a concentração, o gosto pela leitura, a capacidade de interpretar texto, melhorar o vocabulário. No inglês, aprender o novo idioma, temos centenas de alunos formados falando o inglês, saem falando inglês, passam pelo TOFFEL com notas altíssimas, excelentes. O Kumon ainda desenvolve a postura de chegar ao fim, a postura de se concentrar, a postura de que para aprender algo é preciso da base e, ao poucos, se aprofundar. Não adianta querer começar de um assunto, não. Tem que ter uma base bem firme, bem estruturada para você querer avançar. A postura de saber esperar a vez, de respeitar o próximo. Aqui no Kumon, senta tanto o Seu Albertinho de 87 anos para aprender a ler, quanto uma aluna de seis anos que está fazendo a lição de, por exemplo, quinta, sexta série, mas ela só tem seis aninhos.
Qual a média de permanência de um aluno no Kumon?
Os meus alunos estudam, em média, aqui na unidade do Centro, 24 meses, é a minha média de estudos. Apesar de que eu tenho alunos com mais tempo, com cinco, seis anos. O Flavinho, que estudou comigo por 14 anos. O Kumon tem começo, meio e fim, sempre no ritmo de cada aluno. Mas eu tenho alunos que acabam concluindo o Kumon antes, acabam concluindo com seis meses. Eu tenho alunos que acabam desistindo, que não chegam ao fim e mesmo assim, esses alunos conseguem perceber os benefícios, de raciocínio, de concentração, mesmo sem chegar ao fim. Claro que meu sonho é que todos cheguem ao fim, quanto mais alunos concluintes e que eles aprendam a começar algo e ir até o fim. Infelizmente, a nossa cultura, a cultura brasileira, a gente começa a academia e para, começa algum curso e para, e o Kumon, infelizmente, tem muitos alunos que acabam parando, mas a minha meta é que eles se tornem concluintes.
Conte agora quem é a Gláucia?
Eu sou uma pessoa que trabalho muito, mas eu busco sempre me dividir para todas as áreas da minha vida, tanto no trabalho quanto para minha família. Eu sou casada há 15 anos com o Juliano, tenho uma filha de 13 anos concluinte de duas matérias do Kumon, falta só matemática, mas a Gabi vai chegar lá. Eu tenho sobrinhos, família, eu sempre estou estudando, ou estou no Kumon ou fazendo algum curso. Eu gosto muito de estudar, como fui aluna do Kumon, então eu aprendi a estudar, a estar sempre lendo. Sou uma pessoa dedicada. Eu amo muito meu trabalho, muito. Eu nasci para ser orientadora do Kumon, eu tenho certeza disso. Eu não me vejo em outra profissão. Eu tenho muitos funcionários que dependem do meu trabalho. Somos 35 funcionários e que vivem por causa desse meu sonho. Então, meu sonho quando eu abri aqui era desenvolver alunos. Abri o Kumon porque meu sonho era desenvolver alunos e na faculdade eu percebi que com o Kumon eu abrangeria um número maior de alunos do que se eu fosse uma professora convencional. E eles sonham meus sonhos todos os dias e melhor, eles realizam o meu sonho. Meus funcionários são tops!
E para finalizar, quais são as novidades?
Temos novidades e a principal dela é o novo prédio, muito em breve. O local será o mesmo, mas o prédio é maior, mais moderno e mais confortável do que a gente tem hoje. Atenderemos ao dobro de alunos, cerca de 150 por horário.
Por Yasmin Guedes
Equipe EducaRR