“É importante manter a meta 5 do PNE: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do Ensino Fundamental. Se antecipassem para o 2º ano, o Governo incorreria no erro de mudar a solução sem efetivamente resolver o problema.
A consolidação dos processos de alfabetização, que se dá no fluxo dos processos de letramento, demanda ampliação do tempo de dedicação à leitura e escrita (mesmo que circunscrito às duas primeiras séries, como no caso do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa). Durante esse tempo, é necessário diminuir expressivamente o ritmo da realização dos trabalhos escolares e, ao contrário, esses tempos têm sido acelerados. Essa aceleração, acompanhada de intenso “tarefismo” que tem caracterizado o cotidiano escolar, está precarizando a aquisição da leitura e da escrita.
A questão da alfabetização na infância envolve ainda questões mais complexas. Alfabetizar de maneira correta a criança exige uma quantidade muito grande de recursos. É fundamental, principalmente, que o projeto pedagógico da escola acompanhe muito de perto o processo da criança. De perto e de forma individualizada.
É importante ressaltar também que, para ser possível a realização de um projeto pedagógico, é necessário que tenha aparato e acompanhamento, inclusive financeiro, do poder público.”
*Gilberto Alvarez, diretor executivo do Cursinho da Poli e presidente da Fundação Polisaber