Após 50 anos do Golpe Militar, muitas marcas ainda são visíveis na sociedade. Os povos que viveram e ainda vivem na Amazônia, maior mata verde existente, carregam até hoje os resquícios deste período sangrento. Em razão disso, a temática do primeiro Colóquio realizado pelos professores da Coordenação do Curso de História (CCH) da UFRR (Universidade Federal de Roraima) será “54 anos depois do golpe: atrocidades contra os povos da Amazônia”. O evento ocorre na próxima quinta-feira, dia 15, a partir das 18h, no auditório da CCH/UFRR.
O evento é aberto para comunidade acadêmica e sociedade em geral, e não precisa fazer inscrição previamente. Os participantes receberão uma declaração de participação, emitida pela SESDUF (Seção Sindical dos Docentes) posteriormente.
A programação é aberta com uma mesa redonda sobre a violência militar em Roraima. O debate versará entre três estudiosos que pesquisaram ou testemunharam de perto os ‘projetos’ para Amazônia. À época, já haviam vários índios morando na Amazônia, e mesmo assim não foram respeitados.
Na sequência, será aberto a conferência com a intelectual e doutora em História, Edilza Fontes. A docente é da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará, tem amplo conhecimento nas áreas de História social da Amazônia e movimentos sociais, cujo debate será em torno do tema -“Dois Beneditos e uma Reforma Agrária no Pará”, referente ao assunto central do evento.
As discussões prometem ser bem acirrada, pois Edilza fará uma apresentação real das verdadeirasintenções do “projeto de reforma para a Amazônia a partir do golpe militar’. Segundo o professor de História da UFRR, Jaci Guilherme Vieira, os efeitos da ditadura estão para todo mundo enxergar, e foram sentidos com maior intensidade a partir da posse do interventor Capitão Elmano Melo, em 1969. O capitão-prefeito dizia que tinha vindo implantar a revolução no interior da Amazônia.
Todos os planos de valorização da Amazônia se encaixavam exatamente em transformar a Amazônia em um grande celeiro internacional para produtos do centro sul do Brasil e acima de tudo transformar num mercado fornecedor de produtos agrícolas e agropecuários de exportação.
Dentro desta proposta se cria a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que vai ter uma sede em Santarém e os próprios Planos de Desenvolvimento Nacional (PDNs), tendo como eixo ordenador a Transamazônica, para trazer os homens que iriam trabalhar nesses projetos embasados na tal ideia de homens sem-terra, para terras sem homens. “Como podiam dizer isso, se já haviam pelo menos índios morando na Amazônia”, lembrou Vieira.
O Colóquio é realizado pelos professores da UFRR, UERR, SESDUF e Centro de Documentação Indígena, dos missionários da Consolata.
Fonte: CCH/UFRR