“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” é o tema da Assembleia do Sínodo Especial da Diocese de Roraima, que acontece no próximo sábado (03) e domingo (04), no Salão Paroquial da Diaconia São Bento, a partir das 8h. Cerca de 140 cristãos reunidos, entre eles, jovens, migrantes, indígenas, ribeirinhos, trabalhadores rurais e urbanos estarão reunidos para pensar e discutir a evangelização na Amazônia.
A assembleia diocesana tem o objetivo de preparar as comunidades ao grande Sínodo dos Bispos, que nada mais é uma assembleia periódica de bispos de todo o mundo que, presidida pelo papa, se reúne para tratar de assuntos ou problemas concernentes à Igreja como um todo. Dessa vez, a Amazônia será o centro das atenções.
O encontro dos leigos, padres e religiosos, no próximo fim de semana, pretende ver o chão que pisa, escutar os clamores, desafios e conquistas da população de Roraima, além de apontar novos caminhos.
Portanto, o texto-base do Documento Preparatório do Sínodo, que oferece uma análise da conjuntura atual da Amazônia e aponta percursos e novos caminhos para a Igreja a serviço da vida nesse bioma, será norteador para as reflexões nos dois dias de Assembleia, que contará com a assessoria do padre Dário Bossi, assessor nacional da Repam (Rede Eclesial da Pan-Amazônia).
“Que essa grande assembleia repercuta, de fato, os clamores que saem das bases, na construção de uma Igreja com rosto amazônico e na defesa e promoção da Vida, um desejo expresso do Papa Francisco”. “Ao final, será feito um relatório com as contribuições de Roraima para ser apresentado ano que vem durante o Sínodo 2019”, disse Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima.
Dom Mário esclarece que o Sínodo para Amazônia foi uma resposta do Papa Francisco à realidade da Pan-Amazônia. De acordo com o Pontífice, “o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”, lembrou.
Na esperança de uma Assembleia frutuosa, lembramos as palavras do Papa Francisco: “pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos ‘guardiões’ da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!”, lembrou o bispo, da homilia Papal na missa em 2013.
“Que nossa Senhora do Carmo, padroeira da nossa Diocese, interceda junto a Jesus por nós, para que nunca nos faltem a coragem para anunciar o Evangelho e a paixão pela Amazônia”, pediu Dom Mário.
METODOLOGIA DA ASSEMBLEIA: Segundo a irmã Telma Lage, integrante da equipe metodológica da Assembleia Diocesana, a proposta dos dois dias é “ouvir a pluralidade das realidades, com a finalidade de contribuir para que o Sínodo tenha, realmente, o rosto da Amazônia e como Diocese de Roraima estarmos inseridos nesse processo”.
Como o texto-base, a Assembleia Diocesana está dividida em três grandes momentos, segundo o método ver, discernir e agir. A primeira parte é o VER, um convite a olhar a identidade e os clamores da Pan-Amazônia. Território, diversidade sociocultural, identidade dos povos indígenas, memória histórica eclesial, justiça e direitos dos povos, espiritualidade e sabedoria.
O discernir é a segunda parte do documento que ilumina as reflexões para uma conversão pastoral e ecológica. O anúncio do Evangelho de Jesus na Amazônia é apresentado a partir das dimensões bíblico-teológica, social, ecológica, sacramental e eclesial-missionária. “Hoje o grito da Amazônia ao Criador é semelhante ao grito do povo de Deus no Egito (cf. Ex 3,7). É um grito de escravidão e abandono, que clama pela liberdade e o cuidado de Deus. É um grito que anseia pela presença de Deus, especialmente quando os povos amazônicos, por defender suas terras, são criminalizados por parte das autoridades; ou quando são testemunhas da destruição do bosque tropical, que constitui seu habitat milenar; ou, ainda, quando as águas de seus rios se enchem de espécies mortas no lugar de estarem plenas de vida”, afirma o texto de preparação.
Por fim, no domingo (04), na última parte, o documento provoca a ação, a AGIR: novos caminhos para uma Igreja com rosto amazônico. Os delegados irão refletir o que seria esse rosto, a dimensão profética, os ministérios e os novos caminhos. “No processo de pensar uma Igreja com rosto amazônico, sonhamos com os pés fincados na terra de nossos ancestrais e com os olhos abertos pensamos como será essa Igreja a partir da vivência da diversidade cultural dos povos. Os novos caminhos terão uma incidência nos ministérios, na liturgia e na teologia (teologia indígena)”.
Fonte: ASCOM/REPAM