Amigos se unem pela sobrevivência do igarapé Santa Cecília

O igarapé Santa Cecília, localizado a pouco mais de quatro quilômetros após a Ponte dos Macuxi, na região do bairro Santa Cecília, no município do Cantá, Centro-Leste de Roraima, aos poucos tem ganhado vida graças ao trabalho em conjunto da Associação dos Moradores e Amigos da Cidade Santa Cecília. Ações encabeçadas pela jornalista Vânia Coelho e os amigos Beatriz Brooks e Orlando Moreno, têm se tornado alternativas independentes de tentar salvar da poluição um dos poucos igarapés da região.
Tudo começou em março de 2015. Os três, ao perceberem a situação com o comprometimento visível da fauna e flora da área decidiram arregaçar as mangas e recolher o lixo depositado por moradores e visitantes. À época – recorda Vânia, foram mais de 10 sacos de lixo, além de pneus e utensílios plásticos, como restos de cadeiras e mesas. A jornalista costuma dizer que o lugar é um grande aquário, com várias espécies de peixes, alguns, inclusive, em risco de extinção. O igarapé Santa Cecília é, até mesmo, uma área de preservação reconhecida pelas autoridades locais. A iniciativa em prol da sobrevivência da região alterou a rotina dos integrantes da Associação, tanto que Vânia se considera mais do que uma moradora do município e se auto intitula uma Fiscal Ambiental Voluntária.

Esse pequenos grupo de amigos tem dado uma aula de cidadania com ensinamentos sobre a preservação do meio ambiente. Algumas dessas lições ficaram marcadas nos frequentadores do igarapé, por meio de diversas placas com dizeres ecológicos, uma forma de alertar para o cuidado, a retirada do lixo e da preservação de forma didática e poética. “Estou muito focada nisso. Não podemos perder um lugar tão lindo e próximo da cidade. Para nós, moradores do Santa Cecília, é o que nós temos de melhor, mais bonito, é um ponto turístico, uma área de preservação”, ressalta.
A um passo de completar dois anos de muito trabalho, Vânia e os amigos pensam na possibilidade de tornar o local um parque. “Não quero nem pensar da gente perder o igarapé. Eu luto demais e, por isso, não gosto de pensar em perdê-lo”, enfatiza a presidente da Associação que, inclusive, apresentou a proposta ao secretário Municipal de Meio Ambiente, ao prefeito da cidade e à imobiliária, sendo bem recebida.
Ela apela aos moradores e frequentadores, na maioria moradores de Boa Vista, que lotam o local aos finais de semana, que respeitem o local e o trabalho dos voluntários. Vânia afirma que constantemente vai ao igarapé para conversar e falar sobre as ações de preservação e educação. “Tenho sempre priorizado para que as placas sejam mensagens educativas, nada impositivas. Nada com o sonoro proibido, proibido, mas tentando educar as pessoas com o educativo e poético”, explica.
Um pedido feito com frequência é “Leve seu lixo, por gentileza, a natureza agradece”.

 
Por Yasmin Guedes e Élissan Paula Rodrigues
Fotos: Divulgação