Ter uma percepção adequada das próprias fragilidades e virtudes pode ser um dos segredos para a aprendizagem. Autoconhecimento é tão ou mais importante que o conhecimento que se busca nos bancos escolares.
Lembro de muitas vezes encorajar meus alunos a ter uma medida correta de suas limitações e possibilidades. Valia-me dos versos de Fernando Pessoa em que se recomenda: “Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui”.
Não exagerar ou não excluir o que somos e o que temos é um bom caminho para calibrar nossas percepções.
Uma visão realista das dificuldades de aprendizagem pode ajudar a encontrar estratégias e métodos de estudo adequados, que contribuam para a superação dos desafios educacionais.
A consciência dos pontos fortes, por sua vez, pode orientar o investimento em esforços e projetos que mais seguramente conduzem a conquistas na escola ou na universidade.
Mas a tomada de consciência de nossas fraquezas e fortalezas depende, em parte, de evitar os exageros e as exclusões.
Não exagerar nada que nos diga respeito chega a ser um ato de rebeldia em meio à cultura do excesso, nesta chamada “era da abundância”, em que os meios digitais favorecem o inflacionamento da informação, do ego e do consumo.
Exagerar nossas virtudes ou mesmo nossas mazelas cria uma visão distorcida de nós mesmos e uma grande barreira para o autoconhecimento.
Por outro lado, excluir ou ignorar alguma parte do que somos, omitindo atributos positivos ou negativos, pode nos levar a uma avaliação enganosa de nossas capacidades ou fragilidades.
Nem superestimar nem subestimar o que somos, o que temos e o que podemos.
Eis o desafio a todos que desejam construir uma autoimagem mais próxima das suas possibilidades e potencialidades! Eis a lição para quem busca desenvolver habilidades socioemocionais indispensáveis ao aprendizado e à formação integral na vida escolar ou mesmo na escola da vida!
Luís Cláudio Dallier Saldanha é Doutor em Educação e Diretor de Serviços Pedagógicos do Grupo Estácio.