O cidadão comum acorda pega seu smartphone e checa as últimas mensagens do WhatsApp. Enquanto toma café da manhã, olha as notícias no Facebook e os últimos artigos do momento no LinkedIn. Chama um Uber ou táxi pelo aplicativo para ir para uma reunião enquanto ouve o Spotify, responde seus e-mails e marca sua próxima call no Skype. Em 2003, não muito tempo atrás, Ralph Linton descreveu a globalização mostrando a jornada diária de um cidadão americano. Se ele fosse escrever esse mesmo texto 14 anos depois seria algo como o que você leu acima. A tecnologia mudou as coisas. Não é difícil se identificar com uma rotina como essa, pelo menos para os 41% de brasileiros com um smartphone, mas vamos ser honestos isso é notícia antiga. Enquanto, há dez anos, montadoras e bancos ocupavam a parte de cima da lista da Forbes como as marcas mais valiosas do planeta, em 2016, metade do Top 5 é de tecnologia. Hoje, 5 das 10 marcas que mais crescem no mundo são startups e o Brasil não está fora desse cenário. Nós somos o 6° ecossistema de startups que mais cresce no mundo ano a ano. Mas ao contrário do que pode parecer, startups e grandes empresas não são rivais nesse cenário. Nós todos estamos em uma corrida que tem se tornado cada vez mais empreendedora. Introduzir mais criatividade e inovação nos negócios não é só a prioridade de startups, é também um objetivo de CEOs de médias e grandes empresas. Basta uma rápida pesquisa no Google para se deparar com o termo intraempreendedor como uma habilidade desejada e encontrar hackatons, incubadoras e coworkings patrocinados por empresas com vontade de se conectar a startups. Apesar de toda a dedicação e vontade de inovar, ainda são poucas as empresas realmente boas nisso. As desvantagens são óbvias. Quanto maior você é, mais força é necessária para se mover com agilidade. Isso é verdade na física e também nos negócios. Quantas vezes você fez uma reunião incrível e cheia de ideias, mas as coisas simplesmente não saíram do papel? Uma pesquisa feita pela Harvard Business Review apontou que por mais que as empresas se dediquem para estimular o intraempreendedorismo, esses projetos têm uma taxa de falha entre 70% e 90%. A inovação sempre enfrenta um número enorme de desafios que incluem o risco, desafio a ordem estabelecida e quantidade de pessoas com tempo e recursos para trazer novas ideias e executá-las. Algumas empresas navegam com mais facilidade por esses desafios, como por exemplo, a 3M que decidiu dedicar 15% do tempo dos funcionários a inovação. Todos poderiam usar esse tempo para desenvolver projetos e pensar livremente. Enquanto muitos achavam que eles estavam perdendo dinheiro com isso, eles produziram alguns dos seus
produtos mais vendidos nesse tempo. Claro, nem todos os casos são bem sucedidos como esse. Para conseguir fazer algo assim, antes de tudo é preciso abraçar o fracasso como parte da política organizacional e nem todos estão preparados para dar esse passo. A verdade é que muitas empresas têm os recursos, ferramentas e habilidades necessárias para conduzir inovação, mas ainda não tem o mindset. Uma nova abordagem para empresas e startups A Estácio, que foi comprada ano passado pela Kroton, escolheu abraçar uma abordagem diferente quando se tornou uma das participantes do Pitch Corporate Educação. Ao invés de produzir toda a tecnologia dentro de casa, ela economizou tempo e recursos usando as startups a seu favor. A Beenoculus, uma das participantes da edição do Pitch Corporate Educação desenvolve soluções de realidade aumentada usando o seu celular. O dispositivo tem pequenas lentes em seu interior que fazem com que os óculos consigam simular a visão humana e as aplicações em educação são infinitas. Em parceria com a USP já foi feita uma espécie de simulação de realidade aumentada dentro do ouvido humano e essa só uma das possibilidades para dinamizar a sala de aula. Esse é o velho dilema de “buy vs build”. Uma solução como essa demoraria anos e custaria muito para ser produzida e implantada internamente. Através do Pitch Corporate, empresas puderam acessá-la no tempo que demora para fazer um pitch. “O Pitch Corporate Educação é uma fórmula muito inteligente que qualifica a oferta das startups por meio de um profundo processo de análise, o que permite atrair uma audiência super qualificada. Para a Beenoculus o evento foi fantástico. Ao final da apresentação, quando a Diretora de Inovação do Grupo Estácio, Lindália Reis, elogiou nossas propostas e anunciou que irá fechar um contrato, a sensação foi de imensa alegria e certeza de que estamos fazendo um importante trabalho pela Educação”, afirmou Rawlinson Terrabuio. O Pitch Corporate é um dos programas do mercado que visam fazer uma conexão entre startups e empresas. Afinal, se a inovação é inerente às startups, porque não se juntar a elas para somar forças? Em uma pesquisa global 82% das grandes empresas afirmaram que podem aprender com empreendedores como inovar em um negócio digital, mais que isso 71% das empresas que já fizeram conexões com empreendedores afirmam que foi um sucesso. Colaborar com startups é um atalho que funciona para os dois lados. Acelera o ciclo de aquisição de clientes das startups e economiza tempo, equipe e recursos da grandes empresas. A inovação só é efetiva se todo o ecossistema conseguir caminhar junto e se
ver como oportunidades e nunca como inimigos. Minibio: Luiza Zambrana é formada em Jornalismo, pesquisadora de crítica genética e estudos da criação, voluntária em iniciativas educacionais e apaixonada por transformação social. Começou sua trajetória no empreendedorismo atuando no apoio a empreendedores sociais na Ashoka Brasil e atualmente faz parte da equipe de comunicação da Associação Brasileira de Startups.
Fonte: IT Fórum 365 – ABStartups