Conheça o CAS e saiba como a Linguagem de Sinais ajuda dezenas de pessoas em Roraima

 

img_0426-1Marina Vitória Valverde Pinheiro tem 19 anos e, assim como as garotas da idade dela, adora curtir a vida e estudar. Porém, um detalhe a torna especial. Desde bebê, Marina desenvolveu surdez, consequência de uma meningite. Há sete anos, ela frequenta o Centro de Atendimento a Pessoa com Surdez, o CAS, que hoje funciona na antiga escola estadual Princesa Isabel, no centro de Boa Vista.

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A irmã Claudia Valverde se orgulha em acompanhar o desenvolvimento de Marina e afirma que desde o início da ida ao CAS, a irmã passou a ter mais autonomia, melhoria de autoestima e conquistou muitas amizades. “Apesar da surdez, educamos a Marina para que ela faça o que quiser. E, que se nesse caminhar ela encontre barreiras, como encontrou várias, tenha a total capacidade de possibilitar as pessoas uma nova visão de comunicação”, comenta.

Marina é estudante do Ensino Médio Integrado em Técnico em Informática, na escola Estadual Gonçalves Dias, e está no último ano, e será a primeira surda a concluir o referido curso na rede pública de ensino. Além disso, ela é “boa de bola”, prova disso que é a capitã do time de futsal feminino Vitória das Surdas. Duas vezes na semana tem aulas no CAS, onde amplia o vocabulário da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Cynara Menezes, gestora do CAS, explica que os atendidos são estudantes matriculados na rede de ensino. Conforme a secretaria estadual de Educação e Desporto (SEED), o Censo Escolar 2015 identificou 32 pessoas com surdez e mais 79 pessoas com deficiência auditiva matriculadas na Rede Estadual. Na Municipal são 476 crianças na Educação Especial com algum tipo de deficiência. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Censo Demográfico 2010, em Roraima existem mais de 20 mil pessoas declarantes deficientes auditivos, com grande grau de dificuldade, dificuldade moderada e pequena dificuldade.

“Trabalhamos com atendimento a Educação Especializada para aluno surdo, matriculado na rede estadual de ensino, e também com capacitação em Libras para comunidade em geral”, explica a gestora. Nesse segundo ponto, quatro módulos são disponibilizados: o básico, intermediário, avançado e a conversação. Os interessados em conhecer a programação dos cursos podem procurar o Centro.

Com relação à Educação Especializada, o aluno surdo é atendido em três momentos: Libras para ampliação de vocabulário, nas disciplinas regulares e português escrito como segunda língua. “Eles estudam em uma escola regular e no contraturno eles veem para o atendimento em Educação Especializada”, conta. Atualmente o CAS atende 53 usuários em duas turmas e conta com o auxílio de 27 professores.

As capacitações atraem pessoas de todos os cantos e setores da economia, desde familiares de surdos a vendedores de lojas que preferem diferenciar no atendimento. “Tem gente que chega aqui faz os quatro módulos e depois começa tudo de novo porque gostou”, revela. Cynara alerta, como qualquer outro idioma ou linguagem, para continuar com o conhecimento é necessária a prática para não esquecer. Implantado no Estado desde 2005, o Centro de Atendimento a Pessoa com Surdez é ligado a SEED, por intermédio do Ministério da Educação (MEC) e oferece ainda suporte de intérpretes e produção de materiais em Libras.

Texto: Yasmin Guedes

Foto: Arquivo Pessoal