“Machucar o outro não é brincadeira, é bullying”. Esse é o tema do mais novo documentário exibido pela TV Assembleia, canal 57,3. A produção conta a história de vítimas e aborda a importância do apoio da família e do trabalho pedagógico realizado no âmbito escolar para mudar essa realidade.
Com duração de 15 minutos, a atração é exibida diariamente às 13h30, 18h30 e 21h30. A jornalista Gleide Rodrigues contou que o documentário foi pensado como forma de alertar as pessoas, em especial os alunos, para os riscos desta prática. “Contamos histórias de pessoas que sofreram e sofrem, principalmente no ambiente escolar, e como elas lidam com isso no dia a dia. Mostra também exemplos positivos e iniciativas tanto de escolas como dos próprios alunos para combater o bullying”, disse.
Uma das histórias contadas é a de Alex Pantoja, de 24 anos, que sofreu com este tipo de agressão por se destacar como um dos melhores alunos e pela orientação sexual. “A vez que mais doeu foi quando a menina da escola me chamou de gay, e passou a aula educação física me caçoando porque eu estava jogando vôlei com as meninas. Na época ‘gazetei’ aula, voltei para casa para ficar chorando”, contou.
O maior apoio veio da mãe, Marília Pantoja, que não mediu esforços para auxiliar o filho e não deixar que as agressões sofridas o transformassem em um adulto problemático. “Como mãe, a gente às vezes não consegue perceber que o filho está retraído. Mas filho retraído, isolado, pode ter a ver com o bullying”, alertou a mãe.
Escola
O documentário mostra que escolas tentam reverter essa situação, tornando o ambiente escolar um lugar acolhedor para o aluno. Um exemplo é o Instituto Batista de Roraima, que desenvolve o projeto “Por Favor, Obrigado, Gentileza Gera Gentileza”. “A intenção é que o aluno se coloque sempre no lugar do outro, e não faça com o outro o que não gostaria que fizessem com você”, explicou a diretora da escola, Márcia Braz. “Quando o aluno passa a frequentar demais a coordenação, já se acende um alerta, investigamos para saber qual é o problema e buscarmos uma solução”, acrescentou.
Algumas práticas também partem dos alunos, à exemplo do que ocorreu na escola estadual Diva Lima. Vítimas de bullying, os estudantes Ana Luiza Figueiredo e Rafael Cardoso ampliaram o debate sobre o problema por meio de um vídeo documentário chamado “Pesadelo Silencioso”, que retrata vítimas da própria escola.
Especialista afirma que bullying tem forte impacto na vida da vítima
Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas revelou que metade das crianças e jovens do mundo – 43% no Brasil – já sofreu este tipo de agressão por razões como aparência física gênero, orientação sexual, etnia ou país de origem.
Mais que um crime tipificado no Código Penal, ele tem forte impacto na vida das pessoas. Segundo o psicólogo Vagner Costa, o bullying é um comportamento de definição a uma outra pessoa, geralmente maldoso, que se caracteriza pela repetição.
“Quando digo que alguém é feio, que tem orelha e nariz grande, vou minando a autoestima daquela pessoa. Então, uma criança que ouve esse comentário depreciativo forma uma imagem, porque ela é influenciável, e todos nós somos influenciáveis”, detalhou o especialista.
É justamente a repetição de agressões intencionais, sejam verbais, psicológicas ou físicas, que pode causar esse efeito devastador na vida da vítima. “Toda criança tem um mundo de fantasia. E quando passa a escutar, repetidamente, e não é defendida por quem deveria defendê-la, a brincadeira vira realidade. Isso pode gerar um transtorno maior na formação da personalidade”, observou.