EM DEFESA DA PAN-AMAZÔNIA – Seminário internacional que vai refletir os desafios socioambientais acontecerá em Roraima

Entre os dias 27 e 30 de julho, a Diocese de Roraima, em parceria com outras instituições, acolhe o seminário internacional Laudato Sí, promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). A expectativa é reunir mais de 500 pessoas, cujo objetivo é fortalecer a Rede Estadual e suas iniciativas socioambientais em defesa da Amazônia. 
O público-alvo são estudantes, universitários/as, agentes de pastorais, autoridades e toda a sociedade civil organizada, na intenção de despertar a responsabilidade pelas atividades econômicas e sociais da região e grandes questões ambientais da nossa Casa Comum. A carga-horária será de 20 horas, com direito a certificado.
A proposta do Seminário é tecer redes e estabelecer intercâmbios, a fim de transformar a realidade local diante dos impactos ambientais que a Amazônia vem sofrendo, bem como seus povos.
Conforme o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, a Igreja da América Latina abre seu olhos para a Amazônia, com a criação da Repam. Já o Papa Francisco, por meio da Encíclica Laudato Si´(Louvado Seja) – sobre o cuidado da casa comum –  reforça a importância da Amazônia para o mundo em todos os seus aspectos. Encíclica é carta enviada pelo papa às igrejas. 
            “Em virtude desses fatores emblemáticos, seminários têm ocorridos com o objetivo de aprofundar o conhecimento dos cenários da Amazônia Legal, enfatizando os desafios, as iniciativas e avanços, além das formas de organizações existentes, mapeamento das articulações com a finalidade de fortalecer as várias experiências e ações evangelizadoras”, esclareceu dom Mário.
Haverá o pré-seminário que acontece quinta-feira (27), a partir das 9h e seguirá até as 17h, com a oficina de políticas agrícolas e educação do campo no contexto das reformas de Estado. O evento ocorrerá na escola municipal José Davi (PA Nova Amazônia). As atividades terão três eixos: educação do campo, políticas agrícolas e agrárias (titulação da terra) e reformas.  
O professor de Licenciatura e Educação no Campo da UFRR (Universidade Federal de Roraima), Janailton Coutinho, explicou que os debates serão coordenados por um grupo de trabalho que aglutina diferentes movimentos sociais e sindicais. “A oficina visa discutir, compreender, analisar as mudanças e os desafios enfrentados pela população inserida em um assentamento da reforma agrária, bem como numa escola do campo. Ao final, a proposta é criar um processo de organização para contrapor as mudanças que não beneficiam”, informou.
Já nos dias 28 a 30, representantes de entidades que compõe a REPAM apresentarão a proposta da Rede, convidando a sociedade a participar da programação do Seminário que inclui a realização de um ato show, como abertura oficial do seminário, às 19h30, na Praça Fábio Paracat. Lá, o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio, acolherá a todos. Na noite terá também, apresentação cultural com indígenas da Malacacheta, música e teatro com os jovens da Diocese e a poesia marcante do poeta roraimense Eliakin Rufino. A abertura encerra com a distribuição de mudas de plantas durante ciranda pela vida, que todos irão dançar em praça pública. 
Os dois dias de seminário (29 e 30/07) acontecem no Colégio dos Claretianos, no bairro São Francisco. O dia inicia às 7h30, com o credenciamento e encerrará no almoço de domingo. Especialistas local, nacional e internacional irão provocar debates cerca do meio ambiente, povo ribeirinho, questão indígena, agrária, migração, tráfico humano e todo o mundo urbano envolvido.  Durante as discussões serão apontadas para um caminho de mudanças e transformações, com a carta compromisso que será amplamente divulgada.
O Irmão Danilo Bezerra, do Instituto dos Irmãos Maristas, falou que será um momento importante para debater a difícil realidade de conflitos que hoje se apresenta na Panamazônia. “Este é o primeiro seminário que acontece aqui em Roraima. A preparação é grande. Nós convocamos pessoas do mundo jurídico, do mundo acadêmico, os povos tradicionais, indígenas, ribeirinhas e os vários movimentos sociais de nossa região. Creio que vai ser um momento de reflexão forte para nós e que deixará frutos para a nossa prática diante da difícil situação de violência na nossa região. É hora de nós como igreja, como sociedade, nos posicionarmos sobre isso. O Seminário vai ajudar a dar voz para muitos que não tem vez”, refletiu.
Encíclica – Construído em seis capítulos, o documento pontifício aponta as preocupações com as diversas formas de violência a que tem sido submetido o planeta Terra, considerado a “casa comum” de todos os seres. Nesse sentido, a Carta faz um alerta para as drásticas consequências ocasionadas pela exploração dos recursos naturais voltadas cujas justificativas se voltam ao desenvolvimento econômico, tecnológico, ao progresso científico.
Dessa forma, por meio do documento, considerado o primeiro inteiramente voltado à questão ambiental, o Papa Francisco busca dialogar com os cristãos do mundo inteiro chamando a atenção para a responsabilidade de todos na preservação dos recursos naturais e a manutenção da vida no planeta. Para a elaboração da Carta, o Papa Francisco contou com a contribuição de inúmeros cientistas, filósofos, teólogos e membros de organizações sociais.
Sobre a REPAM – Criada em 2014, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) abrange os nove países que formam a Bacia Amazônica: Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. O objetivo da Repam é abrir caminhos de diálogo, de articulação, de cooperação e de fraternidade entre as igrejas locais para fortalecer a comunhão pan-amazônica.
 
ASCOM/REPAM
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