Acostumados apenas a assistir a palestras que abordam DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) ou gravidez na adolescência, os estudantes do CBVZO (Campus Boa Vista Zona Oeste) do IFRR (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima) participaram ativamente do ciclo de palestras “Sexualidade e adolescência”. O evento foi iniciado com a participação do sexólogo Paulo Barros, que proferiu a palestra “Vamos falar sobre sexualidade?”, nesta segunda-feira, 12.
Com um método de constante interação, buscando despertar a reflexão, Barros tratou de diversos assuntos com os estudantes, como gênero, homossexualidade e violência doméstica (física e psicológica), ouvindo diversos relatos e opiniões dos adolescentes sobre as questões abordadas.
A estudante Perolayne Paiva, do primeiro ano do curso Técnico de Serviços Públicos do CBVZO, disse que considerou a iniciativa de promover esse tipo de evento para os alunos importante e que nunca havia assistido a uma palestra como essa, que trata de temas como os que foram abordados. “A parte que achei mais interessante foi quando falaram sobre a agressividade nas relações, sobre as atitudes tomadas e a quem recorrer nesses casos”, destacou.
O estudante Gabriel Ferreira, do curso Técnico em Comércio do CBVZO, afirmou que saiu satisfeito da abertura do ciclo. “Achei a palestra incentivadora para que busquemos sempre mais conhecimentos. Acho que serviu para nos preparar para várias situações que possam aparecer. Nunca tinha participado de nenhuma palestra desse tipo e acho importante que essas ações ocorram”, comentou.
O palestrante, o sexólogo Paulo Barros, acredita que, mesmo ainda hoje, com tanta informação acessível a todos, por meio não só de livros e revistas, mas também da TV e da internet, continua sendo muito importante abordar essas questões com os adolescentes, pois é preciso saber de que forma as informações estão chegando até eles; é preciso ter um cuidado com a forma como tudo está sendo apresentado.
“Minha experiência como sexólogo, o trabalho que realizo no Hospital Materno- Infantil, onde convivemos com um alto índice de gravidez na adolescência e também de doenças sexualmente transmissíveis entre os adolescentes, aponta como eles ainda são muito desinformados ou como essas informações podem estar chegando de maneira distorcida até eles. Sabemos que ainda há tabus dentro das famílias, que muitas vezes não sabem como ou preferem não falar de sexualidade com os filhos. E uma ótima alternativa para tratar dessas informações, da forma adequada, é dentro das escolas”, observou.
Mas Barros destacou que a sexualidade precisa ser tratada pela escola, pela família e pela sociedade da maneira mais natural possível, pois não falar, não discutir, não ouvir as dúvidas dos adolescentes, não vai fazer com que eles deixem de ter curiosidade ou evitar que tenham relações sexuais precoces, podendo na verdade levá-los a outros problemas de saúde ou de gravidez precoce porque não foram bem orientados.
“Ainda há muito preconceito sobre o assunto sexualidade. Famílias, professores e até profissionais de saúde, muitas vezes, não se sentem à vontade ou preparados para abordar questões relacionadas ao tema, mas não se pode fugir do assunto, já que as consequências disso muitas vezes são problemas até de saúde pública, como as DSTs e a gravidez não só de adolescentes, mas também de crianças. Pais, educadores e a sociedade em geral precisam entender que não falar não evita nada, e falar, ouvir dúvidas e o que os adolescentes pensam, em muitos casos até adia o início deles na vida sexual, pois acabam saciando a curiosidade ou não sendo levados por orientações, estímulos indevidos, o que evita que tenham experiências às vezes ruins ou consequências negativas, que não teriam se tivessem sido bem orientados”, explicou.
A psicóloga que atende os estudantes do CBVZO, responsável pela organização do evento, Andressa Rebouças, explicou que o tema “Sexualidade e Adolescência” é um dos eixos temáticos previstos no Planejamento Anual de Trabalho da unidade de ensino, planejado em parceria com a Codaea (Coordenação de Apoio ao Ensino e Aprendizagem), e que será tratado de maneira contínua com os alunos durante todo o período de formação. “Além de identificarmos, nos atendimentos individuais que fazemos, esses tipos de dúvida, sabemos da importância de tratar essas questões, por isso promovemos este evento, visando ampliar a discussão sobre sexualidade no ambiente escolar para provocar reflexão sobre o tema, buscando atingir as dimensões biológicas, afetivas, sociais e culturais”, explicou.
Nesta terça-feira, dia 13, outros assuntos, como DSTs, gravidez na adolescência, métodos contraceptivos, serão tratados, e os alunos ouvidos também para saber que outras questões gostariam que a unidade abordasse com eles.
A programação está prevista para iniciar às 14 horas, com a palestra “Prevenção das DSTs na adolescência”, proferida pela enfermeira Paula Vieira, e o encerramento será com o colóquio “Meninas-mulheres e seus sentimentos, pensamentos e comportamentos”, conduzido pela psicóloga Andressa Rebouças.
Fonte: Ascom IFRR