Fogão portátil alimentado por energias renováveis vai atender excursões turísticas de aventura

Quem gosta de turismo de aventura sabe que é preciso se equipar de todo um aparato para enfrentar algumas horas de caminhadas, dormidas no relento e organizar alimentação. Alguns pontos turísticos, como o Monte Roraima, por exemplo, exigem uma preparação ainda maior dessa logística, uma vez que as viagens para a montanha são de cinco e sete dias seguidos.

E uma das empresas locais que tem como carro chefe o passeio para o Monte Roraima foi a escolhida pelo aluno Humberto Alves de Albuquerque, estudante de Engenharia Elétrica da UFRR, para executar o seu projeto de pesquisa, aprovado para participar, pela segunda vez, de mais uma edição do Programa Bolsa de Inovação Tecnológica (Biterr 2019), realizado pelo IEL, Sebrae e Senai.

Segundo ele, a problemática identificada na empresa é que nas excursões mais longas a equipe utiliza um fogareiro a gás, alimentados com bobinas recarregáveis pequenas e gera um custo alto para a empresa. Além disso, existe a preocupação com a questão ambiental com o uso do gás.

A partir daí, o aluno desenvolveu em 2018 uma pesquisa para criação de um fogão portátil de indução eletromagnética, com a utilização de placas solares flexíveis, que podem ser enroladas e carregadas nas bolsas. “Em relação à economia, você está trabalhando com energias renováveis. Além disso, a empresa ganha em questão de qualidade para quem está trabalhando para agência, que não vai levar um peso enorme, vai levar algo mais leve”, explicou.

O projeto de Humberto foi um sucesso, o que acabou garantindo para ele o primeiro lugar na premiação do Biterr de 2018. Este ano, o estudante vai ampliar a pesquisa para o uso de energia eólica e a redução do tamanho do fogão portátil. “Na primeira etapa nossa finalidade era mostrar a viabilidade da tecnologia. Nós comprovamos que era possível e o nosso foco principal era apenas a questão da energia solar. Só que no decorrer do trabalho nós visualizamos que poderíamos abranger para outras energias”, observou.

Segundo ele, o projeto agora estuda a viabilidade de utilização de uma turbina hidráulica, aproveitando a correnteza da água dos locais onde a agência realiza as expedições. “Se de repente está um dia chuvoso, você aproveita a água da corredeira, depende da melhor circunstância que está utilizando”, completa.

O fogão continua sendo de indução, mas na segunda etapa deverá ser compacto e versátil. “No primeiro protótipo, ele media em torno de 40cm por 30cm. Agora deve ficar algo em torno do tamanho de uma caixa de sapato. Também queremos aumentar a potência, e com isso ganhar eficiência. Na primeira edição, tinha apenas a função liga e desliga. Agora nós já conseguimos implementar e controlar a frequência e o tempo, e por decidir por potência alta, média ou baixa”, explicou.

O estudante comemora o sucesso da primeira edição e avalia que o aprendizado e retorno tem sido maior que suas expectativas. Ele contou que depois da divulgação da pesquisa pela Roraima Adventures, foi contatado por empresas de outros estados interessados no produto. “A gente viu que existia uma demanda reprimida com interesse na nossa proposta. A ideia é atender também outras empresas do segmento. Portanto, existe um retorno muito positivo para com a nossa tecnologia”, comemora.

Meu objetivo era apenas o aprendizado, a importância de desenvolver pesquisa ainda na faculdade, mas eu fui surpreendido positivamente com outros aspectos: trouxe uma aproximação grande, não só com a empresa, mas com o mercado de um modo geral. Nos dá uma visão do que nos espera quando sairmos daqui”, ressalta.

O proprietário da Roraima Adventures, Magno de Souza, também ressaltou a iniciativa do Biterr. Para ele, é evidente que o retorno é para todos os envolvidos. “São iniciativas extremamente importantes, inovadoras e revolucionárias, que trarão benefícios de forma geral, não apenas para o empresariado (ter um produto novo e importante no mercado), como para o meio ambiente, haja vista que é totalmente sustentável e promove a inteligência dos nossos jovens com ideias criativas”, afirma.

Quanto à melhoria do serviço prestado por sua agência, ela aponta resultados em diversas frentes, que vai da redução do peso com o equipamento de cozinha a eliminação de custo com combustível a partir do uso da energia solar. Mas para ele, existem valores agregados que vão impactar diretamente na imagem da sua empresa.

Eliminará 100% os riscos com queimaduras ocasionados pelo fogo (não há combustão), bem como não haverá riscos com incêndios. Reduzirá significante os custos operacionais nas expedições, e por fim, aumentará a imagem positiva de empresa por ser ecologicamente correta e sustentável”, ressalta.