Formação de professores fortalece educação indígena

Capacitar 200 professores das etnias Wai-Wai, Macuxi, Wapichana, Ingarikó e Yekuana com formação em magistério profissionalizante de nível médio, habilitando-os para atender alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Com esse objetivo o Governo de Roraima, por meio da Seed (Secretaria Estadual de Educação e Desporto) e do Ceforr (Centro de Formação dos Profissionais da Educação de Roraima), realizou nesta segunda-feira (6), a solenidade de abertura do curso.

O evento, no Palácio da Cultura Nenê Macaggi, marca o início do curso. As aulas do curso do Magistério Indígena Tami’kan começam nesta terça-feira (7). Na solenidade, indígenas cantaram o Hino Nacional na língua Macuxi e Wapichana e apresentaram a dança tradicional indígena.

O secretário Estadual de Educação, Jules Rimet Soares, destacou a importância da valorização dos profissionais. “O governo Suely Campos está fazendo o resgate deste curso e valorizando os profissionais do magistério. É um marco histórico para Educação Indígena, uma vez que enfrentamos muitos desafios. Mesmo com a dificuldade financeira que o governo vem enfrentando, a governadora Suely tem demonstrado muita vontade de investir na educação e na formação dos professores indígenas”, disse Rimet.

O curso terá duração de 58 dias, com aulas realizadas no horário da manhã e tarde no Ceforr. A plataforma curricular é correspondente ao Ensino Médio, com habilitação específica bilingue, multilingue e intercultural.

A ideia do curso é inserir conhecimentos novos e metodologia pedagógica, mas mantendo a língua, a cultura e os costumes tradicionais das etnias. A segunda etapa está prevista para o mês de junho. “Nossa preocupação é ofertar educação de qualidade, com conhecimentos acadêmicos novos, mantendo os aspectos culturais e os costumes tradicionais dos povos indígenas. Temos observado que neste curso a maioria é do participantes é jovem, ou seja, há uma renovação e por isso, tivemos cuidado na escolha dos profissionais que vão ministrar o curso. Todos têm algum tipo de relação com os povos indígenas, são professores que pesquisam a cultura indígena”, ressaltou a diretora do Ceforr, Stela Damas.

O governo tem trabalhado em parceria com as organizações indígenas. Neste projeto, o curso e a alimentação são custados pelo governo. O alojamento e transporte ficaram por conta das organizações indígenas. A gerente de Formação Indígena, Ineide Izidório, se emocionou ao falar do curso. Ela disse que Magistério Indígena Tami’kan existe desde 2006, quando foi realizado para um grupo de 232 professores, mas por alguns anos ficou parado por motivos burocráticos. “Não é fácil ser índio em terra de índio, mas estamos avançando. Estamos dando continuidade neste projeto. Era para ser realizado em 2014, mas não conseguimos seguir adiante. Agora no governo Suely Campos ele foi resgatado e é muito aguardado pelas comunidades indígenas, principalmente pela geração mais nova”, disse.

ALUNOS – Da comunidade Anauá, localizada a 45 km da sede de São João da Baliza, Sul do Estado, Paulinho Antônio, 21 anos, da etnia Wai-Wai, é um dos alunos do curso Tami’kan. Ele ainda está no 2º ano do Ensino Médio, mas se inscreveu no curso. “Eu quero uma educação melhor. Eu quero ensinar os alunos que vivem na comunidade Anauá”, comentou.

A indígena Laudineia da Silva, 35 anos, é da etnia Macuxi. Ela é professora e leciona na escola Estadual Índio Tauanã, na comunidade Nova Vitória no Surumu, em Pacaraima. Com uma turma de oito alunos, a preocupação dela é ensinar na língua Macuxi. “Sou Macuxi, mas só falo algumas palavras na minha língua. Eu quero aprender as línguas

Macuxi, Wapichana e Wai-Wai. Quero que meus alunos saibam falar nessas línguas e assim não percam sua raiz”, disse.

O presidente da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opirr), Mesaque Souza, lembrou que a luta dos povos indígenas é antiga e que este ano conseguiram avançar em mais um segmento, que é a educação. “A formação continuada dos nossos professores sempre foi uma preocupação nossa. A realização do Tami’kan é uma conquista para todos”, comentou.

Fonte: secretaria estadual de Comunicação Social