Você já parou para pensar como viviam, pensavam e reagiam os moradores das cidades por onde Jesus passou quando esteve por aqui? Um jovem escritor de Roraima não só pensou como seria a vida dos personagens não bíblicos nas histórias relatadas no Novo Testamento, como resolveu escrever um livro de ficção sob essa perspectiva.
O autor do livro ‘Personagens não bíblicos e suas histórias’, é o músico roraimense Gabriel Alencar, que está há três anos vivendo uma experiência apaixonante pela literatura de contos e poesias. Depois de se surpreender com sua capacidade de construir contos, reconhecida por diversos concursos literários que participou e sempre ganhava ou recebia menção honrosa, Gabriel decidiu dar um passo maior: escrever um livro.
A obra que foi escrita em três meses é uma antologia com 22 contos de ficção realista, onde os personagens teriam vivido nos tempos bíblicos. “São os personagens que estão de fora, mas perto dos grandes acontecimentos relatados no Novo Testamento da Bíblia Sagrada, como é o caso de um pescador em um dia normal na praia, que encontra um alvoroço e acha uma rede abandonada. Era de Simão Pedro, e ele vai tentar descobrir o que aconteceu com o pescador que largou seu instrumento de trabalho para trás”, conta.
Para o escritor, a ideia de mostrar as histórias bíblicas por outras vertentes é uma forma de mostrar que, apesar de não estarmos diretamente ligados a um grande acontecimento da história da humanidade, sentimos os impactos indiretamente. “Então eu pensei: o que faziam as pessoas daquela época que não estavam diretamente no contexto?”, relembra.
A linha histórica do livro é baseada na trajetória de Jesus. Existem contos, por exemplo, que acontecem durante o nascimento de Jesus ou quando ele faz o primeiro milagre, até chegar na crucificação e ressurreição. “Tem ainda três contos que são depois da época da igreja primitiva em que os apóstolos estão se organizando. O livro termina com um conto baseado no apocalipse, sobre João escrevendo [alguns livros do Novo Testamento]”, completa.
O autor explica que o livro não trata de religião, mas que o público-alvo inicial eram os cristãos, jovens e adultos. Mas com o feedkback que recebeu acredita que até mesmo o público infantojuvenil poderá curtir as histórias contadas. “O livro não é denominacional. Eu sou da igreja presbiteriana, e a minha editora é católica. Então, já mostra que é bem amplo o público dentro do cristianismo”, observa.
E completa: “Depois de mandar para revisão, alguns leitores beta, que não são cristãos, gostaram muito. Até porque as histórias, na verdade, não falam de religião. Falam do dia a dia da pessoa, da dificuldade, como alguma questão impacta a sua vida e como reage. E isso é real a todos nós”.
NOITE DE AUTÓGRAFOS
O lançamento da obra será dia 9 de novembro, no Teatro Jaber Xaud, do Sesc Mecejana, a partir das 19h. A programação da noite de autógrafos será um momento para festejar a arte porque Gabriel convidou músicos e artistas plásticos para recepcionar seus convidados. Estão confirmadas as apresentações musicais da Sociedade Roraimense do Choro e de voz e violão do Trio Tulip. As jovens artistas Lindcy Gomes e Noemi Lima farão uma exposição de seus desenhos.
FUTURO
Sobre próximos trabalhos na área literária, Gabriel explica que ainda não tem nada em mente, até porque é músico há 15 anos e essa, sim, é sua primeira paixão artística. Ele é pianista, violoncelista e tenor lírico. E recentemente atuou no espetáculo ‘O fantasma da ópera’.
Mesmo assim, depois de viver experiências importantes como escritor, provavelmente não vai largar o ofício. Prova maior tem sido a dedicação à página virtual que criou há cinco meses, onde publica diariamente microcontos, no Instagram @escritoraoacas. Até o momento, ele já publicou mais de 1600 contos.