“Para chegar até lá, superamos diversos desafios. É uma caminhada longa. Não é nada fácil”, disse Clayton Silva, pai do pequeno Cauã de 10 anos que retornou do Monte Roraima neste final de semana (15), após uma semana de trekking. Eles, juntamente com Daiane Oliveira, fazem parte da CDC Família Aventura que desenvolvem o projeto ‘Cauã 10 anos, 10 picos!’.
Ele contou que durante o percurso, todos vislumbram as belezas naturais do Estado, mas o encanto ganhou mais vigor ao chegarem às comunidades indígenas do entorno da montanha, pois para cada lugar percorrido, há uma história. “A impressão que a gente teve assim, à primeira vista, é da beleza, das formações rochosas, o espetáculo que é a montanha em si. É grandiosa, muda a nossa visão de mundo, de natureza”, frisou.
Ele destacou ainda que durante a trilha, direcionada por guias nativos da Roraima Adventures, eles foram informados sobre os detalhes do Monte. “Pra eles essa montanha é sagrada, pra população que mora no entorno e para populações que moram mais distantes”, disse, e soube ali, que além do misticismo que ronda o local, a montanha é responsável pela formação de vários rios e cachoeiras que abastecem o Estado, como o rio Branco.
Entre os desafios enfrentados pela família de Cauã, o que mais se sobressaltou foi o clima. Uma hora quente, outra frio. Sol e chuva. Daiane, relatou Clayton, sentiu na pele os efeitos do sol de Roraima. Acostumados a enfrentar atmosferas mais amenas como em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, disse que em Roraima o que acontece é incomum. “Quando você começa a andar o tempo fecha e começa a chover, daqui a pouco está sol de novo, daqui a pouco esfria, esquenta, tira capa de chuva, coloca capa de chuva. A todo instante tem que trocar de roupa, pegamos chuva bem forte”, relatou aos risos.
Outra curiosidade abordada por Clayton está relacionada aos guias da região que não deixaram o grupo de aventureiros desamparados de informação, auxílio e de logística. A surpresa foi o peso carregado em uma cesta típica chamada de jamaxi, uma espécie de mochila onde os indígenas condicionam todo material para subir o Monte Roraima. “Tem cesto que pesa 20kg, 25kg, coloquei um desses nas minhas costas e senti um desconforto, eu imaginei como eles conseguem subir aquela montanha com aqueles cestos nas costas de forma tão natural”, revelou.
A chegada ao topo realizou um sonho de anos. Ali, todos se abraçaram e deslumbraram as belezas da natureza. “O Cauã abraçou todo mundo, parabenizou os amigos, todos incentivaram muito ele. Pessoas falaram que foram aguentando na trilha por causa dele, por ver que se ele pode, outros também podem”, destacou o pai, orgulhoso de ver as vitórias do filho.
Eles ressaltaram que esse projeto tem a intenção de despertar nas outras famílias as preocupações com a natureza, meio ambiente, com o social e respeito as outras culturas. Por vez, ensina ao Cauã a valorizar a simplicidade da vida como dormir em colchonetes, dividir mantimentos, firmar novas amizades, entre outros. “Acho que isso foi bem importante, o companheirismo, o incentivo dos amigos, as amizades que fizemos com pessoas diferentes, com pensamentos diferentes, cada um com seu jeito de ser, com sua cultura, com
sua personalidade. Essas coisas vão engrandecendo muito a nossa vida. São coisas que a gente vai levar com a gente até os últimos dias de vida”, declarou.
A família tenta passar ao Cauã a importância de saber aproveitar a vida com responsabilidade. “O que se leva dessa vida é a vida que se leva”, é a frase mais falada por eles. Para o futuro, o grupo pretende continuar a disseminar as experiências para outras famílias, seja por meio de palestra, de bate-papo e, quem sabe, um livro. “Escrever um livro é um sonho. Estamos focados nisso e vamos pegar um pouco desse nosso tempo e nos dedicar a escrever as nossas histórias”, e fazer com que as famílias se conectem mais e melhorem o futuro das famílias.
Com o retorno para casa, a família do Cauã pretende divulgar o projeto de outras maneiras, envolvendo crianças e adolescentes em atividades sociais em praças de São Paulo. “Uma vez por mês a gente monta algumas tirolesas e slackline lá em SP, numa praça perto da nossa casa, e as crianças vão lá se divertir, vivenciar, converso com eles sobre o respeito a natureza”, há ainda plantação de arvores.
Por Yasmin Guedes
Equipe EducaRR