A Região Norte é a que possui o maior número de rotas de tráfico de pessoas no Brasil, 76 do total de 241, como informam dados divulgados pela Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil (Pestraf). O dado coloca Roraima em posição de alerta quanto a este crime, do qual as mulheres e meninas são as principais vítimas.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 71% das pessoas traficadas são do sexo feminino. O crime consiste no comércio de pessoas, na maioria das vezes para fins de exploração sexual comercial ou outros tipos de trabalho forçado, podendo envolver ainda tráfico de drogas ou outras modalidades de crime.
Nem sempre este crime começa com o emprego de violência física. Em parte das vezes ele começa com a promessa de realização de um sonho: um pedido de casamento que pode mudar a vida de mulheres, a oferta de um emprego ou a chance de seguir a carreira em profissão com altas remunerações. Só quando o sonho vira pesadelo é que as vítimas percebem que foram alvos de aliciadores.
Socorro Santos, coordenadora do Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Mulheres Vítimas do Tráfico de Pessoas, órgão vinculado à Assembleia Legislativa, participou da elaboração da Pestraf e pontuou que os altos índices de pobreza na Região Norte e a falta de fiscalização nas fronteiras tornam a população local ainda mais vulnerável.
“É um fenômeno bastante difícil de ser quantificado, principalmente devido ao fato de o mesmo ser ilegal e estar ligado a uma rede de crimes. O que se sabe depois de tantos atendimentos é que quanto mais novas, mais as vítimas se tornam valiosas no ‘mercado do sexo’”, lamentou Socorro.
Prevenção
O Núcleo de Promoção, Prevenção e Atendimento às Mulheres Vítimas do Tráfico de Pessoas, criado em 2016 pela Assembleia Legislativa de Roraima, promove ações de prevenção e acolhe as vítimas de tráfico de pessoas, atendidas por uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiro, assistente social, internacionalista e advogada. Até o momento, foram detectados dez casos no Estado, por meio da rede de proteção e de forma voluntária.
A coordenadora explica que a prevenção é um dos caminhos para minimizar essa prática, ao alertar as pessoas sobre o mecanismo do tráfico e sobre como pedir ajuda. “Quanto mais empoderarmos a sociedade, informando que existe uma rede de proteção, e os locais de atendimentos, mais as pessoas vão se sentir seguras para fazerem denúncias, porque sabem que vão ser ajudadas”, explicou.
As denúncias podem ser feitas diretamente ao disque 100 ou 180. As vítimas podem procurar o atendimento na sede do Núcleo, localizada na avenida Ville Roy, 5717, Centro. De lá, as vítimas são encaminhadas aos órgãos responsáveis.
Educar é prevenir
Um projeto do núcleo para informar aos jovens, crianças, adolescentes e os profissionais da educação sobre o risco do tráfico humano é o Educar é Prevenir, realizado nas escolas. Além dos alunos, a equipe pedagógica recebe capacitação para identificar possíveis situações de tráfico ou abuso dentro e fora da escola. No ano passado, o núcleo visitou 27 escolas da capital. A expectativa neste ano é intensificar as campanhas educativas em todo o estado a cada dois meses.
Fonte: SupCom ALE-RR