Pouco mais de um ano depois da maior crise sanitária que o mundo ainda enfrenta por conta da Covid-19, os profissionais da pedagogia comemoraram o dia 20 de maio com a sensação de dever cumprido, mesmo diante de desafios enormes para manter as crianças estudando. Para driblar o isolamento social, foi preciso usar não só a tecnologia, mas principalmente a criatividade e o amor à profissão para garantir o aprendizado de todos.
Em Boa Vista, por exemplo, cerca de 2.400 pedagogos do município estão se reinventando e buscando alternativas para que as aulas cheguem aos 45 mil estudantes da rede municipal. A professora Juciléia de Matos, da Escola Municipal Raio de Sol, teve que transformar a área de serviço em uma sala de aula à distância. Nessa área externa da casa, a educadora planeja suas aulas, orienta suas turmas, grava videoaulas e está disponível praticamente o dia todo para seus 50 alunos.
“No começo não foi fácil, porque eu não tinha muita prática com o ensino remoto. Tive que adaptar muitas coisas, mas está dando certo. Tenho uma resposta muito boa dos alunos. Eles têm gostado de me ver pelas videoaulas e videochamadas. Eu me sinto feliz porque estamos longe, mas, ao mesmo tempo, me sinto perto deles”, disse.
Ela acredita que processo de ensino tem estreitado a relação entre a família e a escola, pois a comunicação é diária. “A gente tinha esse tabu dos pais não irem às escolas. Com o ensino remoto, as famílias se aproximaram mais da gente. Estão sempre em contato, pedem ajuda para ajudar os filhos. O engraçado é que estamos dando aula tanto para a criança quanto para os pais, o que se torna ainda mais interessante”, contou Juciléia.
A professora Edjane Soares, da Escola Municipal Branca de Neve, usa não só a tecnologia, mas também a criatividade para levar o ensino e diversão aos estudantes. Com o início das aulas de 2021, ela decidiu fazer uma recepção diferente, levando de casa em casa seu projeto “Mala da Diversão” para sua turma do 2º período H.
Caracterizada com um avental, tiara, máscara e protetor facial, Edjane leva muito aprendizado através de brincadeiras e atividades lúdicas. Uma mala cheia de brinquedos e jogos educativos: Tem a trilha do barulho, jogos de memória, quebra-cabeça, trilha das cores, brinquedos que ensinam as formas geométricas, o alfabeto, os números, além de fantoches e muito mais.
“O lúdico é essencial na Educação Infantil. Achei que a melhor forma de acolher meus alunos é montando essas brincadeiras e levando de casa em casa, já que não podemos nos encontrar todos de uma vez. É uma forma de conhecer um pouquinho da realidade de cada um. Não adianta eu estar ali passando as atividades e eu não saber da vida do aluno lá fora”, disse.
Esse desafio da modernidade também é encarado pelos profissionais das áreas rurais e indígenas. A professora Ana Cláudia Gino, da Escola Municipal Vicente André – Comunidade Indígena Truaru da Cabeceira – supera todos os dias as dificuldades com muita dedicação e por amor à profissão, que há nove anos ela escolheu para a vida.
“Esse novo ensino de aulas remotas é necessário pelo momento que estamos vivemos. Encaramos isso como uma realidade, fazendo de tudo para que dê certo. Este é o nosso papel como professor”, disse.
Hoje o município conta com mais de 2.4OO pedagogos nas unidades de ensino. Nas escolas municipais, eles estão nas salas de aulas, na direção, na coordenação pedagógica, nas Salas de Recursos Multifuncionais, ensinam Libras e até Braille. Alguns se capacitaram como arte-educadores e outros atuam no Centro Municipal Integrado de Educação Especial (Centrinho).
FONTE: SECOM PMBV