O sonho acalentado desde a infância de estudar na maior universidade pública do País, a Universidade de São Paulo (USP), foi concretizado em julho deste ano pelo professor de História Marcos Antônio de Oliveira, do Campus Amajari do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima.
Oliveira foi selecionado com nota 10 para o doutorado na USP, com área de concentração em Sociologia da Educação. A proposta é estudar a formação do estudante indígena em escolas não indígenas, tendo o Campus Amajari como objeto de estudo. Investigar todas as variáveis na perspectiva do aluno e não da escola foi o diferencial do projeto. As aulas iniciam em agosto.
Para o professor, todo o processo de seleção foi uma surpresa. “Eu não imaginava entrar da maneira que eu entrei, com nota 10. Então, para mim e família é motivo de orgulho, e também para o instituto, ter um professor que vai voltar como doutor formado por uma das maiores universidades da América Latina e a maior do País. Estou muito feliz”, relatou.
O objetivo do trabalho é tentar perceber, ao longo de quatro anos, por que os estudantes saem de suas comunidades para estudar no instituto, qual a perspectiva deles em relação ao IF, o que o IF percebe em relação a eles, por meio dos seus funcionários, docentes e técnicos, e se o IF está cumprindo seu papel como uma escola que deve ser voltada para as questões indígenas.
A pesquisa será desenvolvida com um grupo de alunos desde o ingresso até a formação, e depois desta, verificando como utilizam o conhecimento adquirido nas suas comunidades. O professor lembra que uma das características do Campus Amajari é que a maioria dos alunos ou são ou têm origem indígena. Entender essa realidade étnica e a realidade múltipla que existe na região foi o estímulo para a pesquisa.
Com 22 anos de experiência em sala de aula, Marcos Antônio Oliveira é formado em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e possui mestrado em História Social. Aprovado em concurso público do IFRR, começou a trabalhar no CAM em setembro de 2015 como professor de História.
Quando chegou a Roraima, o professor ainda não tinha experiência em educação no campo. E foi justamente esse novo momento profissional que reforçou o interesse em desenvolver o projeto para o doutorado. “Ao contrário de outros projetos, que centram o foco nas escolas indígenas, esse busca entender a realidade de alunos indígenas no âmbito de escolas não indígenas, como eles sobrevivem, como se relacionam nesses ambientes. Também tentar perceber o viés do aluno, e não apenas da instituição”, explicou Oliveira.
Quanto ao resultado, a perspectiva do professor é contribuir ainda para a melhoria do ensino ofertado pelo IFRR, para ajudar os indígenas que estão na instituição e possibilitar que o ensino para esse grupo seja mais cada vez mais adequado e corresponda aos interesses deles. “Estou muito feliz em trabalhar no instituto, porque foi ele que me deu a ideia do tema e, ao mesmo tempo, é o objeto de estudo. Foi isso que possibilitou meu ingresso numa universidade importante como a USP, portanto espero contribuir muito quando eu retornar para a instituição”, finalizou.