Um artigo científico, publicado na Revista Internacional de Zoologia (An International Journal for Zoology), foi o pontapé do trabalho de uma rede de apoio criada para incentivar a participação das mulheres na ciência. A rede já tem mais de 500 participantes de todo o mundo e de Roraima, quem representa o estado é a professora da Estácio da Amazônia, Eliza Ribeiro.
A professora Eliza, inclusive, é uma das 14 pesquisadoras que trabalharam na produção do artigo que é, na verdade, uma resposta a outro trabalho científico que apontou que “mulheres pesquisadoras prejudicavam as suas orientandas mulheres”. A partir disso, a rede decidiu se organizar para demonstrar que, na verdade, as mulheres são sistematicamente prejudicadas na ciência, e propor ações para dar mais visibilidade aos seus trabalhos e motivar outras cientistas a fazerem o mesmo.
“A discrepância em Roraima é muito grande e corrobora artigos que envolvem gêneros e publicações científicas. E a situação é mais agravante quando essa cientista se torna mãe. Essa mulher demora uma média de 4 anos para publicar como antes da gravidez”, observa Eliza.
Para as pesquisadoras que fazem parte desse grupo, a falta de reconhecimento de seus trabalhos, consequentemente, dificulta ter posições de destaque nas áreas científicas. As diversas situações de desvantagens e preconceitos são alguns aspectos desse problema sistemático, que a rede pretende combater.
“A rede ‘Mulheres na Zoologia’ pretende inspirar meninas e mulheres a se tornarem zoólogas e, com isso, tornar o estudo de animais mais igualitário para que, no futuro, essas afirmações resultem em mais publicações femininas. Atualmente todos os campos da zoologia são, majoritariamente, predominados por homens”, observa a professora.
E a ideia é que essa cooperação com mulheres cientistas de diversos países resulte na elaboração de pesquisas acerca da desigualdade de representatividade e propor iniciativas para equilibrar o cenário.
“Somos uma rede em formação que se consolidou com a publicação do artigo. Agora é ampliar a participação para todas as mulheres dentro e fora do Brasil, já que existem brasileiras estudando fora, para que possamos construir e fortalecer futuras ações”, ressalta.
NA UNESCO
A professora da Estácio da Amazônia também acabou de ser aceita para ser membro do conselho da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), para atuar especificamente na Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento (OWSD).
“O objetivo é organizar uma rede mundial de mulheres cientistas que atuam em diversos países e, através de fóruns, fortalecer seu papel nos processos de desenvolvimento local, promovendo sua liderança científica e tecnológica adaptada a nossa realidade”, explica Eliza Ribeiro.
O artigo que abre a rede (Why we shouldn’t blame women for gender disparity in academia: perspectives of women in zoology) pode ser encontrado neste link: https://zoologia.pensoft.net/article/61968/. Mais informações sobre a rede podem ser encontradas no Instagram @mulheresnazoologia. Quem quiser fazer parte da rede pode enviar seus dados para https://forms.gle/DuQPt2RDABikUiaV6.
Além da professora Eliza, participaram do artigo as pesquisadoras Veronica Slobodian, Karla D.A. Soares, Rafaela L. Falaschi, Laura R. Prado, Priscila Camelier, Thaís B. Guedes, Laura C. Leal, Annie S. Hsiou, Glaucia Del-Rio, Karla R.C. Pereira, Annelise B. D’Angiolella, Shirliane de A. Sousa, e Luisa M. Diele-Viegas