Aos 10 anos, o pequeno Cauã tem uma façanha que poucos da sua idade tem: a conquista de 10 dos cumes mais altos do país. Ele, juntamente com o pai Clayton Souza e a madrasta Daiane Oliveira, estão em Roraima para subir o Monte Roraima, localizado na tríplice fronteira do Brasil com a Venezuela e a República da Guiana, com altitude de 2.810 metros acima do nível do mar.
O trekking, realizado pelo lado venezuelano, iniciou na tarde do sábado (8). Os três são responsáveis pelo projeto ‘Cauã 10 anos, 10 cumes!’ de incentivo às famílias para que tenham mais contato com a natureza e mostrem às crianças a necessidade na preocupação com o próximo e com o Meio Ambiente.
Segundo Clayton, essa história começou quando Cauã estava com três anos de idade. Na época, estudante de Educação Física, o pai do garoto conheceu a modalidade de aventura e de montanhismo. “Foi quando começamos a fazer trilhas perto de casa, a Serra da Cantareira, a Pedra Grande, em áreas de preservação ambiental que tem trilhas para cachoeiras e a gente começou a interagir com a natureza”, recordou.
Ele lamentou que a nova geração pouco tenha contato com a natureza devido a urbanização nas grandes cidades. Deu como exemplo a cidade de origem da família, São Paulo, conhecida pela rotina frenética e pela Selva de Pedra formada por pistas de asfalto e prédios, além disso, o aumento na violência impede que as crianças brinquem nas ruas, como antigamente. “Tem a urbanização tomando conta de tudo, a tecnologia cada vez mais avançada, então eu comecei a levá-lo. Levei a trilhas curtas e foi aumentando consequentemente”.
E foi nessas aventuras que Clayton conheceu a esposa Daiane que virou a ‘submãe’ do Cauã, como eles costumam dizer, e formaram assim a CDC Família Aventura, sigla com as iniciais do trio. Quando Cauã completou oito anos e após alguns conselhos de amigos, eles iniciaram o projeto. Explicaram que nada foi imposto e que a criança se sente feliz em cada lugar novo. “Ele gosta tanto da natureza, dos animais, ele foi criando esse respeito com a natureza com o passar do tempo”, justificou o pai. “Ele tinha oito anos ainda e pensamos, será que a gente consegue subir os 10 pontos mais altos do Brasil? Nós mostramos pra ele e ele se empolgou com o projeto”, complementou.
Essa ação servirá para Cauã crescer com uma consciência mais aberta quanto ao respeito com o Meio Ambiente, bem como disseminar aos próximos a importância da preservação.
O menino fez questão de lembrar todos os picos conquistados dentro do projeto. “Pico da Bandeira, Pico do Calçado, pico do Cristal, Morro do Porto, Agulhas Negras, Pedra do Sino, Pedra da Mina, Pico dos Três Estados e agora o Monte Roraima”, contou empolgado. Disse que antes de embarcar para Roraima, procurou informações sobre o destino, que é tudo lindo e poderá encontrar lá as ‘Narcejas’, ao se referir ao animal do filme ‘UP! Altas Aventuras’.
Questionado sobre o que mais gosta nas trilhas, o garoto ressaltou: “gosto de fazer amigos e procurar animais e valorizar as montanhas, as plantas”. Cauã falou ainda que reforça aos colegas a necessidade de conservar o ambiente onde vivem, como não jogar lixo no chão, não desperdiçar água, entre outros.
Para Daiane, essa vontade do enteado de estar em meio a natureza torna todos os momentos especiais. “O trekking é algo que o Cauã gosta, é muito prazeroso pra ele. É algo significativo pra ele, que ele gosta de realizar. É uma forma que ele tem de fazer amizades e ele adora”, destacou.
Dentre os benefícios dessa aventura, pontuou a educadora física, está a aproximação da família, a cooperação um com o outro e mostrar a maneira de aproveitar todos os momentos juntos e de forma saudável. “Hoje, devido a rotina, esse contato está cada vez menor”, falou. Serão sete dias de trilha. Ao final, a CDC Família Aventura pretende divulgar todos os momentos.
Para o empresário Magno Souza, proprietário da Roraima Adventures, esse momento proporciona experiências ‘além do imaginável’. “O Monte traz experiências muito fortes, desde o aspecto do campo espiritual, de rever conceitos, de meio ambiente, com as comunidades indígenas e tudo isso agrega valores na gente”, disse. Magno Souza se comoveu com o projeto e viu neles a chance de serem formadas pessoas melhores para o Mundo.
Yasmin Guedes
Equipe EducaRR