Projeto quer desmistificar a psicologia e falar da importância da saúde mental

Apesar de muito se falar sobre a importância de terapia para o bem-estar e saúde mental das pessoas, ainda é longo o caminho para se alcançar de uma vez por todas a conscientização sobre o papel da Psicologia para a qualidade de vida. E foi pensando nisso que duas psicólogas resolveram criar o projeto ‘Ajustamento Criativo’.

A ideia é desenvolver atividades que promovam o entendimento de forma efetiva sobre o objetivo da psicologia e desmistificar o trabalho do psicólogo, principalmente, com relação ao estigma de que a terapia é apenas para quem tem alguma deficiência mental.

Um dos trabalhos do projeto é feito com a ajuda da internet, tão utilizada ultimamente por todo mundo, pobre, rico, adulto, jovens ou crianças. Em uma página no Instagram, as profissionais divulgam uma série vídeos explicando o papel do profissional e tratam de diversas dúvidas que permeiam a cabeça das pessoas sobre a psicologia.

A psicóloga Fernanda Costa explica que de forma gradativa elas têm falado de temas como a diferença entre a psicóloga e a psicoterapeuta, em que momento procurar um psicólogo, o que falar numa primeira sessão, se o profissional vai resolver todos os seus problemas e a diferença do psicólogo para o psiquiatra. A página na rede social é @ajustamentocriativo.

Dafny Rodrigues, parceira de Fernanda, contou ainda que dentro do ‘Ajustamento Criativo’ são promovidas rodas de conversas, terapia em grupo, palestras e parcerias com instituições que queiram tratar de temas que envolvam a psicologia. Dentro dessas ações, dois eventos já se consolidaram e já estão com datas confirmadas para o segundo semestre de 2019.

Ela explica que um deles é voltado para discutir a importância do autocuidado de quem trata de outras pessoas. “Não adianta só cuidar dos outros, sem dar um pouco de atenção para si mesma. Então, a gente fala sobre essas estratégias do autocuidado profissional”, comenta.

Além disso, existe o evento ‘Me formei e agora?’, indo para a quinta edição. Nessa roda de conversa, as psicólogas discutem com formandos e recém-formados em psicologia sobre a entrada no mercado de trabalho, desde aluguel de salas, administração financeira ao ingresso no Conselho de Psicologia.

Com um pouco mais de um ano de trabalho, as idealizadoras do projeto acreditam que algumas mudanças já aconteceram, mas que ainda tem muito a se fazer para alcançar o objetivo maior que é disseminar e desmistificar a profissão. Um desses desafios é alcançar grupos específicos resistentes à terapia como os homens e idosos. “Alguns grupos ainda possuem um pouco mais de dificuldade de chegar, mas tem melhorado, sim, a procura. Já tem muitas pessoas que procuram o profissional de psicologia às vezes só mesmo para a busca do autoconhecimento, não necessariamente porque acredita que tem um diagnóstico. Então a gente acredita que isso tenha mudado”, observa a psicóloga Dafny.

Psicólogo é só pra rico?

Ainda como parte do projeto ‘Ajustamento Criativo’, as psicólogas pensam em abordar a questão do acesso à terapia. Elas acreditam que hoje em dia existem inúmeras possibilidades de acesso voltadas às camadas menores favorecidas e que não dá mais para continuar com a desculpa de que terapia é só pra quem tem muita grana.

No consultório que as duas atendem, por exemplo, existem atendimentos sociais para acadêmicos de psicologia; descontos para alunos de escolas públicas e adultos que recebem renda de até dois salários mínimos; além de aconselhamento psicológico com valor diferenciado para atendimentos emergenciais. “Nós buscamos sempre abrir possibilidades para o engajamento de todo tipo de pessoa. Até mesmo com os nossos próprios clientes, quando surgem dificuldades financeiras, sempre se faz ajustes”, completa.

Futuras ações

Ainda dentro do projeto ‘Ajustamento Criativo, um novo evento vai acontecer até o final de julho que é roda de conversa com familiares e amigos de pessoas que estão com depressão. O objetivo é colaborar no sentido de orientar essas pessoas mais próximas sobre como lidar com quem está passando por um momento difícil.

“Um dos pontos levantado pelas pessoas que começam com processo depressivo é que os familiares não entendem ou sentem pena. E isso faz com que a pessoa se sinta pior ainda por ser tratada de um modo diferente. Isso acaba colaborando para o processo dele se fechar, e acabar se isolando. Quando fica todo mundo em cima perguntando e cobrando uma melhora, ou então fica cobrando o passo a passo do seu dia a dia, colabora para o isolamento”, explica Fernanda.

As psicólogas estudam ainda a possibilidade de promover parcerias com outras áreas da saúde. O primeiro deles será com psicólogos que atuam em áreas específicas como sexologia ou neuropsicologia. Além disso, o projeto quer fazer parcerias também com profissionais de nutrição e fisioterapia para  desenvolver atividades que contribuam para a disseminação dessas áreas.