As famílias brasileiras foram pegas de surpresa nesse mês de março com férias antecipadas das aulas das crianças. Além da incerteza sobre quando as aulas retornam, uma outra preocupação acabou surgindo, principalmente, aos pais que também precisaram ficar em casa para fazer home office. Afinal, o que fazer durante esse período em casa com a criançada.
A professora e coordenadora do curso de Pedagogia da Estácio da Amazônia, Hérica Paixão, afirma que a primeira medida a ser tomada é pensar em criar uma rotina com as crianças. E para começar a criar novos hábitos sem sair de casa, é necessário ter uma conversa com os pequenos para explicar o que está acontecendo no mundo.
“É preciso falar da doença, que o momento é para se unir, se resguardar, e lembrar que vão estar juntos durante esse período de quarentena e que todos colaborando, é possível voltar a rotina normal mais rápido. Então é preciso uma conversa inicial para explicar e organizar essa rotina”, reforça.
Sobre a rotina em si, a pedagoga afirma que não é possível e nem precisa existir uma cobrança para a família organizar o dia inteiro com atividades diferentes para as crianças. O importante, segundo a especialista, é intercalar entre momentos de descanso e atividades que a criança possa brincar livremente. Mas ressalta que dentro dessa rotina não pode esquecer a questão escolar. “Tem que ter um horário para que não percam o hábito de estudar”, ressalta.
Ela sugere, por exemplo, que durante o horário em que os pequenos normalmente iriam à escola, os pais podem utilizar parte desse tempo para fazer algumas atividades escolares. “É interessante, portanto, ter uma conversa com os professores. Hoje em dia, a maioria dos pais possuem o contato de professores ou coordenadores, e também poderão buscar orientações sobre como direcionar atividades para esse período”, sugere.
Se não for possível o contato com o professor do seu filho, ela orienta, por exemplo, a fazer atividades do livro da escola, escolhendo aquelas que os pais tem mais facilidade de fazer com eles. Outra dica da professora é fazer ditados com os filhos, ou uma outra atividade de concentração como desenhos, jogos de memória ou quebra-cabeça. Também valem as brincadeiras com massinha de modelar, lego ou qualquer outro material que empilha, como os próprios brinquedos que se tem em casa. “O importante é preservar esse hábito do momento de estudo para que as crianças não percam essa rotina”, explica.
Ao longo do dia, portanto, é preciso intercalar momentos de lazer, brincadeiras sem o telefone, horário para assistir TV e aquele período livre para usarem a criatividade. E o mais importante, segundo a professora, é aproveitar esse momento em que todos foram obrigados a ficar o tempo todo em casa para se reaproximar cada vez mais. “Essa doença trouxe essa aproximação. As famílias vão estar o tempo todo juntas. Os pais estarão em casa o tempo todo, então o momento é de conversa, de brincadeiras coletivas”, observa.
Sobre isso, Hérica sugere atividades recreativas como histórias, e até mesmo contação dessas histórias, com a participação das crianças fazendo personagens e se caracterizando, com maquiagem e uma voz diferente. Outra ideia é estimular os pequenos a desenvolverem atividades com brinquedos criados a partir de material reciclado. “Às vezes uma lata que não é usada pode, com barbante, se tornar um pé de lata. Ou seja, brinquedos que são simples, mas que vão divertir a criançada”, afirma.
Diante dessa novidade na rotina, a pedagoga sugere também aos pais que resgatem as brincadeiras antigas como amarelinha, manja esconde, pular corda, pular elástico, bolinha de gude e queimada. E se tem equipamentos e internet em casa, outra opção é cantar com o caraoquê. “Aos pais que podem ficar em casa, um presente para os filhos é assistir filmes juntos com os pequenos. Depois disso, podem brincar de fazer a pintura do personagem do filme que mais gostou, com atividades de colorir, seja com tinta guache ou giz de cera”, explicou.
Por fim, a especialista sugere aos pais que estimulem as crianças a criar projetos com o que j em cá existe na casa. “A ideia é encorajar os pequenos para que todo dia façam alguma coisa diferente, que podemos chamar de projeto. O fato é que a gente sabe que chega uma hora em que a criança vai ficando enfadada, então todas essas coisas podem ser propostas de forma intercalada para garantir uma boa diversão e aprendizado durante o período de quarentena”, conclui.