Saber o que é fisioterapia pélvica e como exercitar o assoalho pélvico é extremamente importante para a saúde e bem-estar de qualquer pessoa. E para tirar as dúvidas a respeito das principais disfunções que afetam a saúde de homens e mulheres, o EducaRR conversou com a fisioterapeuta Carlyanne Rodrigues, especialista na área.
A profissional explica que a fisioterapia pélvica atua com a reabilitação do assoalho pélvico, tanto na prevenção como no tratamento. Por sua vez, ela completa, que o assoalho é um conjunto de músculos, localizados no fundo do quadril, que servem de suporte para vários órgãos na área: a bexiga, o útero ou a próstata, a vagina e o reto. “Imagine um músculo parecido com uma rede. Ele é responsável por sustentar todos órgãos pélvicos”, completa. A fisioterapeuta ensina que esse grupo muscular possui cinco funções importantes para o nosso corpo e se em algum momento o músculo enfraquece vai causar uma disfunção.
“Um das funções do assoalho é a continência da urina e das fezes para mantê-los em seu devido lugar. A outra é proteger nossos órgãos contra choques internos, além de dar sustentação aos órgãos pélvicos na sua posição anatômica. Outra função é ajudar no esvaziamento de urina, fezes e gases. Por fim, nós temos músculos específicos responsáveis pela resposta feminina e masculina e nesse caso nós estamos falando da função sexual”, conclui.
Portanto, quando essa musculatura está prejudicada ocorrem as disfunções, que nem sempre estão relacionadas com a idade e o envelhecimento. “Podem ocorrer a qualquer momento”, diz. Por isso, segundo a especialista, a fisioterapia pélvica pode e deve ser utilizada como forma de prevenção de diversas disfunções.
Problemas mais comuns causados pelo enfraquecimento da musculatura pélvica ou a dificuldade de relaxamento do assoalho são a incontinência urinária de esforço ou a constipação. “E a incontinência existem vários tipos, como a de urgência quando o paciente precisa ir imediatamente ao banheiro, podendo ter perda ou não de urina. Esse paciente chega a ir de 15 a 20 vezes ao banheiro ao dia, quando a média é oito vezes”, explica.
Ela fala que outro caso é ainda mais preocupante quando o paciente faz a retenção da urina e pode causar infecção urinária. Outras disfunções que podem ser tratadas pela fisioterapia pélvica são as relacionadas aos órgãos sexuais, como os casos de dores e irritação na região genital, disfunção erétil, ejaculação precoce, pré e pós-operatório de cirurgias pélvicas como a prostatectomia e perineoplastia.
Especialidade pouco conhecida
A fisioterapeuta afirma que o tratamento e prevenção das disfunções do assoalho pélvico é relativamente nova no estado de Roraima. Talvez por isso, ainda exista um certo constrangimento de algumas pessoas para procurar o especialista. “Ainda gera muito tabu porque as pessoas têm vergonhas de falar de seus problemas”, explica.
E completa: “Mas tenho sempre abordado a questão da seguinte maneira: você não está sozinho. E procuro explicar da melhor forma o que está acontecendo com o seu corpo, utilizando modelos anatômicos da pelve masculina e feminina, mostrando onde a musculatura está e como ela funciona. Quando ele passa para o outro lado da sala já está mais tranquilo porque já houve o acolhimento”, ressalta.
Os mais tímidos são os homens. “Mas quando os problemas que enfrentam ficam graves são os primeiros a procurar um especialista. Quando estão aqui, querem é tratar e são mais disciplinados que as mulheres”, conta.
Aliás, essa é uma questão importante, segundo Carlyanne, pois para que os resultados da fisioterapia pélvica sejam bem-sucedidos a longo prazo é preciso ter disciplina e comprometimento do paciente com os exercícios. “O resultado vem com 50% do que é feito nas sessões no consultório e a outra metade dos exercícios em casa”, explica.
Esforço em exagero
A profissional aproveitou para fazer um alerta às mulheres que praticam uma atividade física que está em alta hoje em dia: o crossfit, que exige um esforço exagerado dos praticantes.
“As mulheres estão perdendo urina novas, sem nunca ter engravidado, por causa desse esforço que causa grande impacto ao assoalho pélvico. Não é só ‘contrai bumbum’. Eles não são ligados um no outro. A musculatura do assoalho pélvico é uma musculatura independente. E a gente trabalha o fortalecimento e o alongamento dele sozinho, sem musculatura acessória”, explica.