Seminário fortalece rede de comunicadores populares em Roraima

“Ecologia Integral: comunicar para transformar”. Sob este tema, Boa Vista foi palco de escuta e troca de conhecimento para comunicadores populares de todo o Estado, durante o 1º Seminário de Comunicação da REPAM/RR – Rede Eclesial Pan-Amazônica de Roraima. A atividade contou com participação do assessor de Comunicação Nacional da REPAM, Paulo Martins, e do professor doutor em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, Cristian Góes, reunindo mais de 100 pessoas, de 2 a 4 de agosto, no Colégio e Centro Universitário Claretiano.

Encontro – Ao trazer à cena o debate sobre Comunicação popular e alternativa, produção de multimídia, Sínodo da Amazônia, o encontro propôs a criação de uma cultura de comunicação estratégica, em rede, profética, transformadora e coletiva.

O assessor de Comunicação Nacional da REPAM, Paulo Martins, enfatiza que a Comunicação deve ser compreendida como eixo de atuação fundamental para o sucesso da Rede. “Investimos numa Comunicação libertadora que nasce da base. Neste Seminário se pôde ver isso, a partir de cada um que veio representar sua comunidade, e conseguimos somar tudo isso com os quintais de cada um para poder pensar possibilidades novas”, afirma.

Para ele, contribuir no processo já estabelecido na região é significativo. “Vivemos hoje uma Comunicação hegemônica que não respeita e não valoriza a nossa cultura, a nossa gente. É nosso papel enquanto Rede Eclesial Pan-Amazônica contribuir para a valorização das vozes que não são escutadas. Contribuir com a formação de comunicadores populares para potencializar tudo isso é muito gratificante”, destaca Martins.

Escuta – O jornalista Cristian Góes disse que veio à Roraima para escutar e aprender. Em sua participação, abordou a Comunicação sob a ótica de Paulo Freire, destrinchando os componentes da comunicação libertadora.

“Comunicação é encontro e nós nos encontramos. O importante é o fruto disso, um fruto coletivo que não é de ninguém e ao mesmo tempo é de todos. Saio transformado desses momentos riquíssimos de conhecimento e construção de conhecimento. A esperança é que isso se replique em outros encontros e pela vida afora. Os povos da Amazônia ficaram em mim”, frisa Góes.

Aprendizagem – De acordo com a representante da Pastoral da Juventude, Jarlene Soares, o encontro foi produtivo e de aprendizagem. “O Seminário serviu, principalmente, para entendermos que todos podemos ser comunicadores populares, na perspectiva de dar voz aos povos da Amazônia. Sobretudo, para levarmos informação daquelas pautas esquecidas pela mídia comercial ao maior número de pessoas”, garante.

O docente Jaci Guilherme Vieira, doutor em História pela Universidade Federal de Roraima – UFRR, ressaltou a importância da Roda de Conversa realizada na abertura do evento que possibilitou trazer ao centro do debate discussões ainda pouco levantadas em termos de Comunicação no Estado.

Rádios locais – “É importante revermos a atuação, principalmente, de algumas rádios de Boa Vista. Por exemplo, a FM Monte Roraima que diz ser a serviço da vida e da cidadania, mas não percebeu que está fora do eixo. Nesta emissora, o projeto inicial de Comunicação popular e alternativo se perdeu faz algum tempo”, avalia Vieira.

Segundo o professor, é preciso que a emissora reveja posicionamentos já esquecidos. “Penso que ela deve, e ainda dá tempo, voltar a praticar uma Comunicação popular transformadora. Ou seja, uma programação voltada para a agenda comum e de relevância para toda a sociedade”, sugere.

Partilha – Na avaliação do coordenador da REPAM/RR, Danilo Bezerra, o 1º Seminário de Comunicação para a formação de comunicadores populares no chão da Amazônia se caracteriza como um momento rico de partilha de experiências, escuta, diálogo e mística, onde o propósito de uma comunicação libertadora, alternativa, transformadora, comunitária e popular foi, de fato, trabalhado.

“O mais importante disso foi a constituição de uma equipe que vai animar esta Comunicação na nossa Diocese, no nosso Estado e na Amazônia, se articulando com outras entidades e redes”, conclui Bezerra.

 

FONTE: Ascom