Foto Charles Welligton/divulgação: ambos os estabelecimentos inauguram há quase dois anos.
A professora aposentada Maria Rodrigues chegou a Roraima em meados de 1951, quando o comércio era tímido e, praticamente, duas lojas, uma de tecidos e produtos de armarinho, e outra que vendia de tudo um pouco, dominavam todas as vendas do então Território Federal do Rio Branco.
Segundo ela, desde então o comércio local experimentou altos e baixos, sem mudanças expressivas, até que nos últimos 10 anos “engrenou” e, visivelmente, passou a despontar apresentando mais opções para o consumidor, tanto de preços quanto de variedade de produtos. Na opinião de Maria Rodrigues, a inauguração dos dois shoppings, um na zona Oeste e outro na zona Leste de Boa Vista, foi responsável por impulsionar o setor no estado. “Não tínhamos hipermercados e shoppings aqui, e fazia falta, não pelo tipo de empreendimento em si, mas pelo comércio variado e que oferece outros atrativos que acabam favorecendo o consumo”, comentou.
A professora se refere ao fato dos shoppings aliarem o comércio de vestuário, alimentos, presentes, a oferta de serviços e, principalmente, de lazer. “As famílias que têm crianças acabam indo aos shoppings para se divertir e aproveitam para comprar alguma coisa”, complementou.
Além disso, os shoppings, tradicionalmente, são o habitat de franquias, que costumam praticar preços tabelados e mais competitivos, o que, considerando que os custos para o comércio no extremo Norte brasileiro são mais elevados, torna a relação com o consumidor muito mais atraente.
O empresário Júnior Carneiro, que possui uma loja de produtos para presentes em um dos shoppings cita ainda outros atrativos, como os eventos frequentes e as grandes promoções em períodos sazonais, como datas comemorativas e trocas de estações. “Acabam chamando gente para dentro do shopping”, disse ao admitir que, apesar da crise econômica que assola o país, os lojistas têm mantido a normalidade nas vendas, e conseguido manter os negócios.
Ele, que tem 33 anos, nasceu em Roraima, morou fora por um período e há sete anos resolveu voltar, é categórico ao afirmar: “o comércio de Roraima é outro”. “Há sete anos ainda existiam lojas que fechavam meio dia e abriam às 14 horas. Hoje são pouquíssimas. Agora têm mais opções e oferta de serviços. Só o fato de o cliente comprar um produto em uma franquia, com o mesmo preço de grandes centros, representa uma grande mudança”, pondera.
O próprio Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), tem sinalado essa mudança de comportamento em suas pesquisas mais recentes, como a Pesquisa Mensal de Serviços do mês de julho passado, que apontou variação positiva para Roraima. Os dados, conforme o economista Francivaldo Lima, professor do Centro Universitário Estácio da Amazônia, representam a realidade vivida do estado uma vez que a análise está pautada na abertura de novas empresas do setor.
Também para ele, os shoppings foram responsáveis pelo “andar da máquina”, com a vinda de franquias e o surgimento de pequenos negócios. Entretanto, ele adverte que esse “aquecimento econômico”, não significa que Roraima esteja reagindo bem à crise. “Tem aumentado a taxa de desemprego na economia, pois esse mesmo setor que antes havia contratado, agora enxuga o quadro de colaboradores causando demissões”, conclui.
Novos negócios têm alavancado o setor de Serviços
Foto divulgação: serviços na área de beleza ajudam a tornar dados positivos.
Realizada todos os meses e considerando dados de todos os estados e Distrito Federal, a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), mostra que Roraima é o único estado a ter variação positiva em relação ao setor de serviços em julho. Enquanto a média nacional de crescimento foi de 0,7% no volume de serviços, Roraima fechou julho com alta de 4,1%, em relação ao mesmo período do ano anterior. Rondônia registrou a queda mais intensa, com -14%.
Paulo Alexandre Medeiros é técnico especialista do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) em Roraima e se disse surpreso com o resultado da pesquisa. Ele pontuou alguns fatores que podem ter contribuído com o percentual positivo. “Um dos fatores passa, necessariamente, pela capacitação e, hoje, são mais instituições que capacitam e o Senac aumentou o leque de ofertas no seu último ano”, analisou. Contudo, o técnico comentou o perfil de quem tem corrido atrás de qualificação. Segundo ele, há um público formado por pessoas com situação financeira limitada. Também aquele com interesse somente na qualificação e não em uma nova carreira. E, ainda, aqueles que querem dar uma guinada profissional. “Indubitavelmente, os apertados financeiramente constituem o maior público, que deseja criar algo novo pra si”, disse.
Nos últimos meses, a procura por cursos cresceu. Conforme Paulo Alexandre, as capacitações em Saúde Bucal, Práticas Administrativas, Informática e Beleza, são as campeãs na procura. O número de pessoas que procuram qualificação na área de serviços de beleza, segundo ele, é expressivo. “Observamos isso de uma maneira muito positiva, com reflexo nas nossas turmas”, frisou. As vagas para curso de cabelereiro, por exemplo, são preenchidas imediatamente após abertas.
SEGMENTO – Conforme o IBGE, o setor de Serviços possui grupos e subgrupos tais como: serviços prestados às famílias, de informação e comunicação, profissionais, administrativos e complementares, transportes, auxiliares ao transporte e correio e outros serviços.
No país, os serviços prestados às famílias foram os que mais variaram de forma positiva, 3,2% em julho contra 2,7% em junho. O pior desempenho ficou para o serviço de transportes e correios, com rendimento de -0,3%.
Confira dados sobre a balança comercial em Roraima: http://sccrrbv.hospedagemdesites.ws/portal/site/?governoderoraima=noticias_ver&id=2546
Por Yasmin Guedes e Élissan Paula Rodrigues