Foto France Telles: colaboradores e alunos se engajaram em projeto de sustentabilidade.
Uma iniciativa considerada simples é responsável pela redução de quase 100% dos copos plásticos utilizados em toda a rede do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), instituição de educação profissionalizante. O projeto foi uma ideia da jornalista Sheneville Araújo, em meados de 2014, à época colaboradora da entidade e abraçado pelos gestores.
Os hábitos de levar uma caneca ou garrafinha para o local de trabalho ou sala de aula, apagar as luzes e desligar aparelhos de ar condicionado, e reutilizar folhas de papel, foram incentivados por meio de peças publicitárias como cartazes e adesivos com mensagens diretas e até divertidas, fixados em locais estratégicos, como ao lado do bebedouro e próximos a interruptores.
Segundo Sheneville, a sustentabilidade ambiental deixou de ser uma questão só de conceito e inspiração de poucos. “As pessoas, a cada dia, comprovam que trata-se realmente de uma questão de sobrevivência, de garantir um futuro, já que é fato que nossos recursos são finitos. Além disso, o Senac é uma instituição ligada ao comércio, mas que atua na área de Educação, de maneira que precisa dar o exemplo, por meio de boas práticas que garantam a sustentabilidade dos negócios e das cidades onde estes negócios estão implantados”, explicou.
A jornalista disse ter percebido a falta de atitudes ambientalmente responsáveis no setor da Comunicação e Marketing, onde desenvolvia suas atividades, como desperdício de papel e de energia, com computadores ligados sem uso, impressões desnecessárias, entre outros. “Então, passei a conversar com os colegas sobre a mudança de hábitos. Foi difícil, como toda mudança de hábitos e não é legal ser considerada a chata, que só fala nisso. Mais precisamente a “ecochata”. Mas o bom é que consegui. De pouquinho eles foram internalizando a ideia e como vi que estava dando certo no meu setor, sugeri a minha gerência, que gostou da ideia e disse pra eu apresentar a direção, que reconheceu a necessidade e apostou. Enfim, fizemos o lançamento e demos início com os servidores das unidades da Capital, com expectativas de posteriormente levar às unidades do interior”, disse ao explicar todo o processo de implantação da iniciativa.
Atualmente, o gestor do projeto, Marnes Arenhart, comemora os resultados. Um levantamento apontou que antes da implantação das medidas, as 11 unidades da instituição, na capital e interior, utilizavam 99 mil copos por mês. Atualmente, pelo menos 95% deixaram de ser adquiridos.
É que as práticas de sustentabilidade ambiental acabam resultando da redução de despesas, além de incentivar a consciência ambiental dos colaboradores. Tanto que a meta de economia de copos descartáveis prevista de 30% há muito superada. Marnes explica que também existem medidas adotadas para a economia de papel, energia elétrica e água.
Além das peças publicitárias, colaboradores e alunos foram orientados pelos gestores do projeto, que retiraram os copos plásticos e doaram as primeiras garrafinhas para que pudessem aderir ao novo hábito. “Trocamos todas as torneirinhas dos bebedouros e deixamos a uma altura que permitisse a todos beber água diretamente do equipamento ou abastecer canecas e garrafas”, comentou Marnes.
Ele explica que na recepção ainda há alguns copos plásticos disponíveis para visitantes desavisados, mas praticamente não são utilizados. “Todos os colaboradores têm caneca e garrafinha e os alunos também. A aceitação é boa e praticamente não houve resistência”, frisou ao lembrar que todo esse processo demorou em torno de seis meses.
Outras medidas adotadas pelo Senac prometem tornar instituição sustentável
Foto France Telles: Marnes Arenhart aposta em futuras metas.
Marnes Arenhart, gestor do projeto Senac Sustentável, lembra que a próxima meta a ser alcançada é a reutilização de papel após o processo de reciclagem. No início, conforme ele, a instituição espera conseguir reduzir em 5% o valor total gasto com papel, que será empregado na aquisição de maquinário manual e de cursos sobre como produzir o produto.
Outras medidas adotadas pela entidade estão ajudando a reduzir custos e a otimizar os investimentos. Os banheiros, por exemplo, têm sensores que ligam as lâmpadas apenas quando há alguém no ambiente, e as desligam automaticamente. Também está em fase de planejamento a meta de eliminação das toalhas de papel, que serão substituídas por secadores de mão. “Reduz os custos e ainda ajuda o meio ambiente”, comentou.
Uma das unidades do Senac, na avenida Major Williams, tem uma cisterna que capta as águas das chuvas, que é bombeada para banheiros e usada nas descargas dos sanitários, e ainda é usada na lavanderia. A unidade de idiomas, ainda em fase de projeto, deve contar com um jardim no terraço, com o objetivo de refrescar o ambiente e diminuir a utilização de ar-condicionado.
Copos plásticos demoram milhares de anos para se decompor
Imagem: Internet
Geralmente, ao usar um copo plástico, a pessoa não costuma pensar em quanto tempo aquele material vai demorar em se decompor, onde será descartado, em quais condições, e nos prejuízos que isso pode causar para toda uma cidade. Por isso mesmo, projetos como o implantado pelo Senac são importantes para o meio ambiente e para o futuro das próximas gerações.
Por ser um material não biodegradável, ou seja, que não sofre a ação de seres decompositores quando em contato com ar, água ou solo, plástico pode demorar centenas de anos para desaparecer. Esse prazo ainda é apenas estimado porque o material existe há pouco mais de um século.
Mas um fato já comprovado é que quando jogado em lixões ou aterros sanitários, o plástico atrapalha a decomposição de outros materiais biodegradáveis. Além disso, é o grande vilão em casos de enchentes e inundações em grandes cidades, já que obstrui as vias de escoamento.
Confira uma galeria de fotos do lançamento do projeto Senac Sustentável: http://www.rr.senac.br/portal/index.php/imprensa/galerias-de-fotos/404-lancado-projeto-senac-sustentavel